25.6.08

São João na Roça









Todo nordestino adora a festa de São João. É um momento para reunir a família, para comer muito ao redor da longa mesa cheia de guloseimas típicas, para aproveitar o frio e tomar vinho e chocolate quente, para viver um pouco do cotidiano do interior andando de cavalo e tomando leite do peito da vaca, para sentir o calor da fogueira e soltar fogos que enchem de fumaça o ar e iluminam com suas luzes o céu estrelado, para dançar, claro, o gostoso forró.
Neste ano tive um São João maravilhoso. Aluguei, com minha família, uma fazenda em Gravatá, num local bem distante da cidade. A estrada é cheia de buracos e pedras, mas a vista da casa compensa o sacrifício. Meus filhos levaram muitos amigos e fizeram a maior farra. Jogaram dominó, tomaram banho de açude e de piscina, soltaram fogos, comeram muito. Minha filha também levou sua turma e curtiu tudo do seu jeito, com violão e shows de forró no telão até o sol raiar. Meu irmão veio, com mulher e filho, de Petrolina, bem no coração do sertão nordestino, e se esbaldou aproveitando tudo, com direito até a queda de cavalo. A família do meu marido também foi e adorou a rede e o Bolo de Souza Leão, agora Patrimônio Cultural de Pernambuco. Brincamos muito e descansamos bastante graças aos dengos de dois anjos que cuidaram da cozinha e da limpeza da casa, proporcionando-nos o maior conforto.
Como colocar em palavras o prazer de dançar forró com meu marido numa noite de São João numa fazendo do interior? Como traduzir a paz e a felicidade de ver a família reunida em volta da mesa jogando conversa fora? Como não se emocionar ao olhar os filhos gargalhando com seus amigos e pedindo para ficar mais um pouco? Como não se encantar com a beleza da mesa da festa e com a música do vento nas bandeiras espalhadas por toda a casa?
Faltaram algumas pessoas queridas que por motivos particulares não puderam compartilhar esse momento mágico. Para elas, a minha saudade.
Uma frase, dita por um grande xamã que lá estava, traduz o espírito da festa: ‘Tá tão perfeito que a gente devia até fazer uma oração e agradecer ao cara lá de cima’. É isso aí. Obrigada, Grande Espírito.
Valeu!