31.1.11





























Andei dando uma olhada nas fotos que separei como representação do meu caminhar e observei que em muitas delas há imagens de quadros e obras de arte que fazem parte de minha história. Minha irmã brinca dizendo que preciso de uma casa muito grande, cheia de paredes, pois eu e meu marido adoramos quadros, fotografias, esculturas, artesanato, além de guardarmos rolhas, tampas de refrigerante e cerveja, sementes, folhas. Diz ela que melhor ainda seria, se tivéssemos um museu, pois também gostamos de guardar coisas antigas como máquina de escrever, ferro, radiola, chaleira e, claro, máquinas fotográficas.
Todos esses objetos, recheados de significado, estão espalhados por nosso lar. A natureza é a dimensão maior que nos encanta e há plantas com flores e frutos em jarros e nos jardins e os animais são sempre bem-vindos, sejam pássaros, pavões, guinés, gaviões, cães, marias-farinhas (será este o plural?) e até insetos, com exceção das muriçocas. Hoje podemos aproveitar o ambiente do campo, em nossa casa no Sítio dos Pintos, e o da praia, em nosso paraíso de Maria Farinha.
Outra coisa que marca nossa característica numa casa, transformando-a em nosso lar, é a presença de discos – cds e lps -, livros, filmes – em fita e em dvd -, revistas, recortes de jornais. Estão espalhados por todo canto, junto de um sofá ou de uma rede. Marcas do meu marido são os objetos que lembram o sertão nordestino; marcas minhas são as fadas, os duendes, as bruxas, os contos de fadas e todas as máscaras que representam o feminino.
Meus filhos também espalham seus sinais pela casa. Temos computadores, celulares, controles remotos, cinzeiros e isqueiros, copos de cerveja, pizza, havaianas, livros e cds. A presença deles na casa também se reflete pelas conversas com amigos, sempre num papo cabeça, no jardim, no jogo de gamão, ou ouvindo os lps na radiola – é, gostam das coisas antigas.
Para mim é importante sentir que nossas casas refletem quem somos, o que gostamos de fazer, o que valorizamos. Adoro receber amigos com uma mesa bonita, arrumada com velas, flores, talheres, copos e louça que representem o clima do encontro. Descobri que Neruda também fazia assim. Senti-me o máximo. Coisa de artista.