12.11.06

Já que a lua é quem mais entende de amor


Existia numa floresta uma árvore muito linda, cheia de folhas verdes e flores coloridas que exalavam um delicioso perfume. Nesta mesma floresta também existia um fogo, muito forte e rebelde. O fogo e a árvore se apaixonaram perdidamente um pelo outro.
Mas esta paixão era um suplício, pois nunca se concretizava o encontro dos dois amantes. A árvore, por mais que balançasse suas folhas, não conseguia chegar até o fogo. O fogo, por mais que aumentasse sua labaredas, não encostava na árvore. Quando a paixão entre eles crescia tanto que até doía, o vento afastava as folhas da árvore e água apagava o fogo. E os dois amantes sofriam.
Um dia, a lua, que estava cheia no céu, viu o enorme amor do fogo e da árvore e resolveu dar uma ajuda, já que a lua é quem mais entende de amor. Fez sumir do céu todas as nuvens para que a água da chuva não apagasse o fogo. Também fez com que surgisse uma calmaria, com nenhuma brisa no ar. E mostrou o seu brilho mais bonito e soltou o seu poder de realizar os desejos dos amantes que vivem separados e que têm os corações unidos, não importando a distância e o tempo que os façam esperar pela realização desse amor.
Devagar, o fogo foi se aproximando da árvore. Quanto mais perto chegava, mais aumentava o calor de sua paixão. A árvore mal cabia em si de tanto amor. Foram tantos momentos de dor e separação que aquele encontro parecia um milagre. E os dois se encontraram e a paixão se consumou. Os dois gemeram de prazer, soltaram faíscas de alegria e arderam em brasa de tanta felicidade por muito tempo. Depois, exaustos de tanto amar, entregaram-se quietos e foram, lentamente, transformando-se em cinzas, para de novo renascerem e viverem, mais uma vez, o seu eterno amor.

Patrícia Vasconcellos

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