21.1.10



















20 de janeiro. Festa de São Sebastião, padroeiro de Lagoa dos Gatos, terra da minha mãe, lembranças de minha infância.
Fui acompanhar a procissão, coisa que não fazia há muito tempo. Cheguei, com meu marido, em cima da hora, exatamente como meus pais faziam quando eu era criança. O andor agora vai num carro de som, mas lembro que seguia carregado nos ombros de pessoas que disputavam a honraria. Ainda está lindo, completamente enfeitado por flores vermelhas. Os religiosos davam as ordens, o povo seguia entoando músicas em homenagem ao Santo. Muita gente, cumprimindo promessas, acompanhava o cortejo sem sandálias. Fogos, incenso, velas e a fé inabalável no poder de São Sebastião marcaram esse momento mágico. Só quem conhece sabe como é linda esta entrega do povo que vive no campo à religiosidade. Tudo muito simples e inteiro.
Lembrei-me da história que minha mãe contava quando acompanhou descalça a procissão porque havia conseguido ficar boa da unha encravada. Milagre do santo para a criança que chorava de dor. Emocionei-me com sua ausência tão presente em minha vida e a cada passo lhe mandei beijos.
Nas minhas recordações, a parte profana da festa era enorme, cheia de brinquedos, barracas e gente, passeando, namorando. Era dia de colocar a roupa bonita e ir para a rua. Maçã do amor, roda-gigante, tiro-ao-alvo, barcas, música nos alto-falantes espalhados pelas esquinas. Encontrei tudo isso, mas não senti o mesmo encantamento. Talvez, o que tenha mudado, seja a pureza do meu coração.