29.4.09


Uma amiga comentou comigo noutro dia:
- Nossa! Nossas amigas estão todas plastificadas.
Referia-se ela às cirurgias plásticas que amigas fizeram, quase ao mesmo tempo. Parece até que deu a louca na mulherada para todas desejarem uma imagem de corpo diferente.
Fiquei com aquela frase na cabeça, mulheres plastificadas. A princípio, pensei que o significante plástico dava uma idéia de artificial, de algo que não era natural. Então, nossas amigas estavam tentando ter um corpo que, de verdade, originalmente, não era o delas. Bem, isso era real, mas muito superficial.
Voltei à época dos meus 20 anos, quando também fiz plástica, plástica de mama, porque queria sentir em meu corpo a reparação que havia feito em minha alma: tornara-me mulher, uma mulher livre para o gozo dos prazeres da carne.
Lembrando-me das inúmeras conversas que tivera com essas amigas, tive um insight sobre o verdadeiro motivo para tantas intervenções externas em seus corpos: o que cada uma delas queria era manifestar, registrar fisicamente, no próprio corpo, as transformações ocorridas em sua alma. Não bastava ficar no campo do significado, das interpretações. Era necessário ver para crer. O corpo precisava mostrar que as feridas da Deusa Afrodite haviam sido curadas. Agora poderiam assumir sua energia feminina, sem culpa, sem medo, sem sentimentos de inferioridade ou de pecado. Gozar o corpo, gozar a vida, gozar o gozo.
Um brinde às mulheres que têm coragem de cortar suas amarras em sua própria carne:
- Tim! Tim!

27.4.09


Tenho encontrado pessoas que não via há algum tempo e a pergunta é sempre a mesma:
- E, você, está trabalhando onde?
- Em nada. Tô com consultório, poucos clientes, e treinando para ser escritora.
Os olhos delas ficam enormes e traduzem a perplexidade diante do fato de uma mulher madura, inteligente, saudável, não ter um emprego sério, em pleno século XXI.
Não tenho e não quero. Vivi a vida ao contrário. Muito jovem já era uma executiva, de pasta na mão e voando de lá para cá para cumprir uma intensa agenda de reuniões. Chefias, cargos, poder, tudo isso tinha e não me sentia feliz. O peso da responsabilidade e dos compromissos era enorme e carregava o mundo nas costas.
Hoje sinto necessidade de outras coisas. Preciso de tempo livre para ler e para escrever. Gosto de me perder e me achar na internet, navegando por sites de conteúdos inusitados. Amo ficar com minha família, conversando à mesa do jantar. Mas, principalmente, preciso ter tempo para contemplação, da natureza, da vida. São esses momentos que me abastecem. E isso tem sido tão forte que é quase visceral, primitivo mesmo. Desacelerei.
Minha rotina é simples e cheia de magia. Encontrei, hoje, com um casal amigo; ele descrente de tudo do mundo espiritual. Começamos a conversar, não sei explicar como, mas senti que algo muito especial estava acontecendo ali. Percebi que havia mudança na freqüência energética dele e que deveria ajudá-lo nesse processo. Doei-me com o coração cheio de amor. Mais tarde recebi o telefonema de um amigo meu que está num presídio. Ligou-me arrasado porque havia brigado com a namorada na visita e tinha quebrado os dedos dela. Pediu-me para ser o pombo correio dos dois. Concordei em fazer esse papel, mas só amanhã, para que pensasse mais um pouco na besteira que fizera. Novamente me senti canal de amor.
Agora quero beber da sabedoria da vida, num ritmo mais lento, com mais tranqüilidade. Poder acordar e perceber que pássaros cantam ao amanhecer e que o sol muda a cor do céu ao acordar. Quero sentir que as fases da lua mexem com minha energia feminina e sua influência me deixa leve ou azeda.
Desde pequena adoro contemplar formigas. No meu presente, posso aguar plantas e me comunicar com borboletas e beija-flores que passeiam por meu jardim. Isso me deixa plena.Não entendo essas posições que assumo como a receita da felicidade. Não gosto de livros de auto-ajuda. Faça assim para ser feliz, faça assado para deixar a tristeza de lado. Sei, apenas, que esse é o meu caminho e meu caminho no momento. Amanhã, sabe-se lá o que vou inventar!