
Peguei-me, outro dia, refletindo sobre o fato de Jeannie ir para dentro da sua garrafa, aprisionada, toda vez que realizava os seus próprios desejos. Ficava lá de castigo porque tinha contrariado a vontade de seu amo, senhor e dono. Muitas vezes ela usava seus poderes para salvá-lo de uma situação delicada e era parabenizada pelo feito. Mas quando usava seu feitiço para conseguir algo para si, as penas surgiam.
Na vida real isso também acontece. As mulheres realizam desejos das pessoas que amam, sejam filhos, maridos, pais, irmãos, amigos e amigas. E quando tentam realizar seus desejos, inclusive os mais secretos, o que acontece? Os maridos reagem se esses desejos não estiverem de acordo com o que pensam que suas companheiras podem realizar e criam mil obstáculos para que se percam ao vento: quer trabalhar? e vai abandonar os filhos e a casa? quer viajar? e vai me deixar aqui sozinho? cuidado com as lobas! vai voltar a estudar? isso é coisa de mulher que está procurando sarna para se coçar. Os filhos também têm dificuldades para perceber que mães também são mulheres e que possuem vida própria: que roupa ridícula! só quer ser a nova! olha a sucota, sucata com cocota! E o rol das observações das pessoas que estão em torno da mulher que sonha e que a colocam para o mundo das impossibilidades é enorme.
O que fazer para usarmos o nosso poder de bruxa a nosso favor e não ficarmos presas na garrafa, sem direito à vida e à liberdade?