20.5.08

A gênia

Quando eu era pequena adorava ver o seriado da televisão Jeannie é um gênio. Sonhava com a possibilidade de realizar desejos só com um cruzar de braços e uma piscadela de olhos. Além disso, a gênia era linda, tinha um amo lindo e tudo para ser feliz, a partir de minha perspectiva infantil.
Peguei-me, outro dia, refletindo sobre o fato de Jeannie ir para dentro da sua garrafa, aprisionada, toda vez que realizava os seus próprios desejos. Ficava lá de castigo porque tinha contrariado a vontade de seu amo, senhor e dono. Muitas vezes ela usava seus poderes para salvá-lo de uma situação delicada e era parabenizada pelo feito. Mas quando usava seu feitiço para conseguir algo para si, as penas surgiam.
Na vida real isso também acontece. As mulheres realizam desejos das pessoas que amam, sejam filhos, maridos, pais, irmãos, amigos e amigas. E quando tentam realizar seus desejos, inclusive os mais secretos, o que acontece? Os maridos reagem se esses desejos não estiverem de acordo com o que pensam que suas companheiras podem realizar e criam mil obstáculos para que se percam ao vento: quer trabalhar? e vai abandonar os filhos e a casa? quer viajar? e vai me deixar aqui sozinho? cuidado com as lobas! vai voltar a estudar? isso é coisa de mulher que está procurando sarna para se coçar. Os filhos também têm dificuldades para perceber que mães também são mulheres e que possuem vida própria: que roupa ridícula! só quer ser a nova! olha a sucota, sucata com cocota! E o rol das observações das pessoas que estão em torno da mulher que sonha e que a colocam para o mundo das impossibilidades é enorme.
O que fazer para usarmos o nosso poder de bruxa a nosso favor e não ficarmos presas na garrafa, sem direito à vida e à liberdade?

Criando um clima

Muitas mulheres comentam sobre seus momentos de intimidade, quando estão a dois, no aconchego de seus ninhos. Todas falam sobre a mesma coisa: o quanto faz falta um pouco de romantismo para criar um clima de amor. Já têm anos de casadas e sentem que muitas vezes a relação sexual é quase que um ato mecânico, tipo bateu tesão, e é algo muito longe de um encontro de amor. Não querem apenas mais uma trepada; querem, sim, fazer amor.
Lembro-me, agora, de uma cena de amor, vivida por duas personagens de uma novela. Eles se amavam muito e tinham sido impedidos durante a trama de viverem essa relação em sua plenitude, já que o homem era casado. Quando finalmente ele ficou livre, foi ao encontro da amada e, louco de desejo, quis tê-la completamente em seus braços. Ela quase sucumbiu à tentação, mas conseguiu controlar a situação e pediu que ele voltasse na noite seguinte. Passou, então, o dia preparando-se e preparando o momento tão esperado. Perfumou-se, passou cremes, separou vinho e taças bonitas, forrou a cama com lençóis macios, acendeu velas e incensos, espalhou pétalas de rosas pelo quarto e colocou uma boa música para encantar ainda mais o ambiente. Quando ele chegou ficou fascinado pelos detalhes e, bem devagar, com muito carinho, foi construindo junto com sua amante, um encontro de amor.
Quando vi a cena também fiquei deslumbrada e me lembrei de como somos responsáveis por tudo que vivemos. Se queremos que nossos encontros na cama tenham mais romantismo, no lugar de ficarmos só na reclamação, podemos fazer a nossa parte e criarmos o clima que desejamos. Aos poucos os amantes irão também aprender. Poderão chegar a comprar uma peça íntima maravilhosa e mandar entregar em casa numa linda caixa com orquídeas; poderão também reservar uma suíte de hotel e mandar um recado para a amada estar lá no momento do encontro; convidarão seus amores para jantar num restaurante super romântico a alguns quilômetros da cidade; poderão... tantas coisas. Não existe uma receita para criar o clima certo, porque cada casal tem suas próprias regras no jogo da sedução. O que importa, de verdade, é que tenhamos o cuidado para não banalizarmos nossa relação de amor. Lutemos por ela agora, porque, às vezes, quando despertamos para os detalhes já é tarde demais.