16.4.11

Viagem ao Chile - parte 4

Acordamos, tomamos nosso café com pão torrado, patê, suco e “Nescauzinho” e seguimos, com roupa de banho e tudo, de metrô, Los Leones ($1.040/pessoa), para a estação Universidad Santiago, onde há a integração para o ônibus que nos levaria a Valparaiso ($2.200/pessoa). O processo é muito simples, seguro e barato. Aqui os turistas são muito bem tratados. Ônibus confortável, assentos marcados para a ida e para a volta, com uma belíssima paisagem, montanhas, vinhedos, pinheiros. Céu azul, sem nuvens. Chegamos a Valparaiso e entendemos porque é conhecida pelo seu caos. Tudo é completamente desorganizado, a começar pelo seu trânsito. Cidade de morros e construções antigas. Há elevadores, do século XIX, que levam turistas morro acima. Muros de arrimo, lixo, cachorros, muitos cachorros, ônibus elétrico, ônibus de linha não muito conservados. Na estação de ônibus fomos abordados pro guias turíticos que vendiam pacotes para Viña del Mar e Valparaiso. Confesso que, apesar de não gostar de excursões, intui que ali, naquela confusão urbana, seria a melhor forma de conhecermos mais lugares com o pouco tempo que tínhamos. $53.000/nós dois, menos de $12.000/pessoa, quando a tabela mostrava $18.000/pessoa e um grupo de cinco brasileiros havia comprado o pacote a $15.000/pessoa, ainda em Santiago. O problema é que ficamos completamente lisos, apenas com o dinheiro para a entrada na La Sebastiana (casa de Neruda em Valparaiso), $3.000/pessoa, para os ascensores ($300/pessoa) e para a volta no metrô ($1.040/pessoa). Tínhamos enchido no hotel duas garrafinhas de Coca-Cola (lindas) com água e essa foi nossa salvação.
Seguimos numa van para Viña del Mar, lotada de brasileiros. Soubemos que é mais barato vir para o Chile do que ir para o nordeste brasileiro, saindo de Brasília. No cassino mudamos para um microônibus, onde havia mais gente do verde-amarelo. O guia era muito simpático e nos conduziu por palácios, parques, praças, jardins e monumentos em Viña, como é carinhosamente chamada por seus moradores. A cidade é linda, organizada, planejada, apesar da expansão mobiliário estar destruindo este equilíbrio, invadindo florestas, derrubando casas antigas para a construção de arranha-céus. Há muitas flores, inclusive um relógio de flores, como o de Garanhuns (Pernambuco/Brasil). Emocionei-me ao ver o Pacífico e saber que a milhares de quilômetros está a Ilha de Páscoa, com seus mistérios e seus segredos. Os chilenos têm origem indígena e seus traços me lembraram dos do povo que conheci na Sibéria, perto da Mongólia, do outro lado do mundo. Somos todo um só povo, somos todos uma só terra. Lembrei-me da música Imagine, de John Lennon, “imagine que não existam países”. Os monumentos no Chile são em homenagem a heróis de guerra Quando teremos um mundo de Paz?! Com o terremoto de Fev/2010 muitos palácios foram danificados e estão interditados para vistação. Vimos, por fora, um com lindos jardins, onde há uma escultura de Rodin. Muita coisa bela para comprar, mas não estamos podendo. Compramos sete pulseirinhas por R$ 10,00. Viña é uma cidade de veraneio e há muito carros caros circulando. O grupo parou para almoça numa área da praia que possibilitava às pessoas se deitarem na areia, apesar das placas indicarem que era proibido o banho de mar. Água geladíssima, ideal para gelar latinha de cerveja, segundo um dos brasileiros do grupo, vento muito frio, pessoas com roupas e barracas de camping, sob um céu nublado. Viva Maria Marinha (praia em Paulista, Pernambuco, Brasil)! Nossos amigos foram para restaurantes e nós dois tentamos a Bob’s, mas o $ não dava. Terminamos numa pizza pequena, bem pequena, com uma única latinha de sprite e gastamos $2.990 ao todo. Aí, sim, estávamos sem $ algum. Muito boa esta experiência. Ficamos caminhando no calçadão, esperando o grupo terminar o almoço.
Voltamos para Valparaiso, indo direto para a casa de Neruda, no alto de um morro. Esta parte da cidade me lembrou muito de Olinda (Pernambuco/Brasil), com suas ladeiras enormes. La Sebastiana é bonita, mas é inquieta, muitos turistas, uns aparelhos que explicam tudo sobre a casa, em português, mas não gostei. Claro que é bela, que tem arte e originalidade em toda parte, que há mesa posta, com linda louça e taças coloridas, para receber os amigos do poeta. Neruda passava a virada do ano nesta casa, pois apreciava, de seu terraço, o show de fogos de artifício na baía de Valparaiso. Há poucos objetos em relação ao acervo de sua casa em Santiago. Muitos foram destruídos pela ditadura militar assassina de Pinochet. Foi muito ruim conversar com Neruda com o relógio da excursão marcando o tempo para o fim do nosso diálogo. Talvez meu desconforto tenha se dado porque me senti longe do poeta. Seguimos ocrrendo para o porto e optamos por não usar os ascensores, subindo no nosso microônibus, as ladeiras da cidade maluca, cheia de labririntos e ruelas. Belíssima vista, feira típica, 10min. para fotografias. Detesto excursão. Retorno à rodoviária, antecipamos o horário de nossa passagem de volta, ônibus confortável. Um fato triste: o liga-desliga da máquina quebrou e teremos que brincar de tita-bota bateria. Na estação do metrô compramos pão de caixa e água. Descobrimos que podemos chegar lá de metrô e pegar um ônibus para o aeroporto ($1.700/pessoa), com 45 min. de trajeto. Nosso problema será a mala enorme. Chegamos a Los Leones, mas não conseguimos tomar um café, pois tudo estava fechado. Não havia percebido que nosso bairro era comercial.
Fizemos um lanche com pão torrado e suco, no nosso quarto, e fomos para o terraço de cima do hotel ver o sol se por, tomar vinho de caixa e comer batatas fritas, tendo como paisagem a Cordilheira dos Andes e a lua no céu. Isso às 21h! Para completar a cena, ele resolveu entrar na geladíssima piscina. Esperei-o com toalha, agasalhos e uma taça de Concha y Toro. Ficamos lá, conversando, namorando, as luzes da cidade fora se acendendo, a Cordilheira foi sumindo. Não me canso de contemplá-la, num misto de deslumbramento e medo. É impressionante sua força, sua imponência, sua majestade. Conversei com ela várias vezes, tentando aprender um pouco sua sabedoria. Que queres me dizer? Por sua proximidade com meu sono, tenho sonhado muito e sinto que aqui é um dos lugares mágicos para se sonhar. Sonhei que meu livro infantil ganhava um prêmio! Ah! Na minha visita à casa de Neruda, em Santiago, vesti minha camisa do Trocando de Lugar, meu primeiro livro infantil, para homenagear o poeta e pedir sua bênção na nova vida que inicio como escritora.
Depois do vinho no terraço, voltamos para o apartamento, tomamos banho, continuamos com o vinho e um filme na TV que destacava a importância da arte, da música, na formação dos jovens e na vida das pessoas.
























Fotos: Patrícia e Roberto Arrais

13.4.11

Viagem ao Chile - parte 3

Já refeitos do encontro com Neruda, seguimos a pé e visitamos um lindo mercado, Pátio Bella Vista, cheio de restaurantes e lojas, bem dentro do astral da Bella Vista. Caminhamos mais um pouco, procurando a Fundação Salvador Allende. Não a encontramos, mas, para nossa surpresa, guiados pelas forças invisíveis do Universo, deparamo-nos com o Comitê Central do Partido Comunista do Chile, onde o camarada Roberto pode conversar com camaradas locais. Emocionante vê-lo no retorno ao lar. Soubemos de um encontro que irá acontecer no Sábado e no Domingo. Estaremos lá. Compramos broches e cds. Seguimos para o Mercado Central para, finalmente, almoçarmos. O Mercado merece uma visita, pois seus balcões de peixes e crustáceos inalam o odor característico. Sua arquitetura é linda e almoçamos num restaurante servidos por um brasileiro. A conta vem em $, U$ e R$. São muitos os verde-amarelo que estão por aqui. Estávamos no Centro, bairro com características próprias, e seguramos as bolsas. Mais uma vez a pé, em direção à Praça das Armas, procurando a Fundação Victor Jara. Parecia um jogo de esconde-esconde. Nada da Fundação, mas a Praça é belíssima com a Catedral de Santiago, os Correios e muitos outros prédios antigos. Muita vida na Praça. Artistas com suas obras, fotógrafos tipo lambe-lambe – com suas máquinas digitais e impressoras portáteis -, muitos idosos jogando xadrez, crianças tomando banho no chafariz. Bancos e flores e pombos compõem a paisagem. Buscamos informações e seguimos pela Agustinas em direção à Praça Brasil, local da Fundação. Andamos muito, muito mesmo. No caminho nos deparamos com uma praça enorme, linda, que se encontra em frente ao Palácio de La Moneda, sede da Presidência do Chile e local onde Allende se matou. Mais caminhada e, quando estava quase surtando de exaustão, chegamos à Fundação. O prédio tem, ao lado, um galpão com capacidade para 500 pessoas, onde são realizados shows com bandas emergentes. Artistas tomam conta do local. Tudo é muito simples, mas há um verdadeiro trabalho de engajamento popular através da música. Na praça havia um grupo de monitores e crianças imigrantes tendo aula de música – atendem 300 crianças.

Tentamos visitar o Museu de La Memoria, mas o táxi não quis nos levar, não estava em sua rota, e seguimos a pé até o metrô. Mais na frente trocamos de Linha e, finalmente, chegamos ao nosso bairro. Compramos mais água, suco e patê e chegamos ao hotel às 19h. Exaustos, caímos na cama com o corpo todo doído e os pés pedindo socorro. Ainda era dia e Roberto ainda saiu para fotografar o Parque das Esculturas, vizinho ao nosso lar no Chile. Banho, pão assado com patê e vinho, claro, ao som de uma estação de rádio sintonizada na TV.








 
Fotos: Patrícia e Roberto Arrais

Viagem ao Chile - parte 2

Depois de tomarmos café, fomos de metrô atá a Bella Vista, bairro boêmio, onde está a casa de Pablo Neruda. Caminhamos pela rua Pio IX – tão longe e tão perto do Piauí – chegamos ao Parque Metropolitano, onde há também o zoológico. Estava tão ansiosa com a visita à Neruda que nem quis conhecer o parque naquele momento. Fomos andando e logo nos deparamos com a casa do Capitão Neruda, uma casa em forma de barco. O poeta amava e temia o mar.
Estou na casa de Neruda. Emocionada... Linda, com vidros e janelas que a colocam na natureza. Muitos jardins. Pássaros cantam. Há um perfume no ar. Flores? Frutas? O silêncio é mágico. Faz-me lembrar do paraíso em que vivemos agora e que tem a mesma energia deste lugar. Aqui Neruda escreveu, inspirado pela paz reinante. Conseguirei eu também escrever, tendo como refúgio meu paraíso? Roberto está feliz, registrando tudo com sua máquina fotográfica. Calça de boy, tênis, mochila nas costas, parece um menino. É verdade que seu agasalho e sua calça são de uma loja chique, mas ele, comunista que é, nem sabe disso. Fica lindo seu olhar de criança a descobrir coisas novas.
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Depois da visita, onde também encontramos Vinicius de Moraes, Luis Carlos Prestes, Jorge Amado, sentamo-nos num café entre as árvores que acompanharam a vida do poeta e ficamos capturados pela magia da experiência.
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Escrevendo, agora, nos jardins de Neruda, depois de conhecer sua mágica casa. Sinto-me mais íntima do poeta. Conheci os ambientes em que viveu, suas salas, quartos e banheiros. O lugar que criou para imaginar-se sempre como capitão de um navio em alto mar. Cada objeto da casa tem uma história para contar. Há recordações de todas as partes do mundo. Muitos objetos de arte. Neruda tinha a intenção de surpreender seus convidados. Vários ambientes com mesas e louças diferentes para vivenciar sua boemia. Muitas coisas nas entrelinhas, figuras escondidas em pinturas, como num quadro em que está retratada sua amante Matilda e que em seus cabelos há, disfarçado, o perfil de Neruda, mantendo, assim, o segredo desse amor proibido. Na janela do seu quarto há uma grade com um desenho que representa as iniciais dos dois amantes (P e M), onde o poeta dizia que ela era as montanhas, ele a lua, sendo os dois unidos pelo mar. Já no quarto dela, a grade representa um sol ou uma flor ou, ainda, sua descabelada amada. Em sua biblioteca particular há uma maquete com o projeto de sua futura casa – que não chegou a construir. Sempre criando casas, ambientes com arte, formas diversas de expressar o poder criativo que corria em suas veias.
Identifiquei-me muito com o artista, tanto na criação de casas e ambientes, como na paixão pelo contato com a natureza. “Sua casa não tem um estilo”, disse-nos o guia, assim como nossas casas também não têm. As mesas de Pablo têm louças lindas e taças sempre muito coloridas. Comprava-as em suas viagens pelo mundo. Este foi um outro ponto de identificação minha com o poeta. Adoro mesas bem postas, tudo combinando em harmonia, detalhes carinhosos para receber os convidados, cores que embelezam o simples encontro de pessoas queridas.
A casa de Pablo não pode ser fotografada. Uma pena! Mas, também, não daria para capturar em fotografias a sensação de entrar em sua sala de leitura com um desnível no teto e no solo para que possa proporcionar a vertigem do balanço do mar. Detalhes de um gênio.













Fotos: Roberto Arrais

12.4.11

Viagem ao Chile - parte 1

Chegamos ontem ao Chile. O voo, apesar de cansativo, foi muito tranquilo. Ao desembarcar em Santiago não fiquei tensa, como me senti em Moscou, quando vi mulheres com as caras duras, que me lembraram de um campo de concentração. Todo mundo é muito simpático. É gostoso ouvir a língua, além de ser semelhante a do Brasil.
Pegamos uma van (U$ 13.00 ou $6000/pessoa) que nos deixou no nosso aparthotel na Providencia, uma região bem movimentada, cheia de cafés e livrarias. O rio, que corta a cidade, passa ao lado do hotel; há um Parque das Esculturas. O metrô, Las Liones, está há alguns metros. A cidade é muito limpa e arborizada. Calçadas largas, muito trânsito, claro. Vi muitas pessoas fumando, coisa que já não é tão ocmum em minha terra. Queria que os meninos estivessem aqui. É engraçado isso: sempre levamos conosco, não importa o tempo e o lugar, o que trazemos no coração. Eita, que saudade dos meus tesouros!
Depois das orientações básicas de Ana Maria – como ferver a água, como ligar o chuveiro quente – oba! vou tomar banho! ufa! tem banheiro no quarto! – arrumei a bagagem nos armários e no banheiro e fomos comer. Escolhemos um café na calçada. Comemos sanduíche com cerveja mexicana e curtimos o modo de vida de um outro povo. Gostei de estarmos num lugar comum, cercads por pessoas comuns, sem ser um ponto turístico. Havia uma mesa com um senhor de paletó e gravata, outra com um grupo de senhoras, outra com apenas uma – alinhadíssima com sua bengala. As mesas eram pequenas, para quatro lugares, cobertas com toalhas de xadrez vermelho e barnco. Atravessamos a rua e fomos a uma loja de cds para comprarmos os discos dos heróis chilenos de meu marido. Compramos dois; estamos com pouco dinheiro nessa viagem. De lá, seguimos para um supermercado e organizamos nosso café da manhã. Para nosso final de tarde no terraço do 16º. Andar do flat, compramos vinho em caixa – só para experimentarmos. Voltamos para nosso lar aqui, arrumamos as coisas na geladeira e dormimos um pouco. Acordamos, colocamos roupa de banho e fomos para a piscina com nossa taça de vinho. Lá, a vista é linda. O céu estava azul e sem nuvens. O sol ainda brilhava, apesar do relógio apontar para oito horas da noite. A máquina fotográfica trabalhou bastante porque, além da bela vista da cidade, com seus parques e montanhas que a cercam, ao nosso lado, ali, bem pertinho, estava ela, imensa, quase uma miragem, completamente nua, permitindo-nos ver suas ranhuras, seu relevo: a Cordilheira dos Andes. Exuberante, apesar de estar sem a cobertura da neve. É tão grande e poderosa que provoca uma ilusão de ótica, como se a Terra alcançasse o Céu, tema tão comum na mitologia e tão real para meus olhos. Contemplá-la, ao por do sol e ao vento frio, colocou-me numa espécie de transe. A Natureza é a grande Majestade.
Voltamos para o quarto e eu apaguei. Meu marido ainda tomou banho, lanchou, mas não consegui ficar de pé até hoje de manhã. Aqui, o sol acorda mais tarde e tudo só começa a funcionar a partir das 10h. Organizamos nosso café da manhã, com direito à torradeira, lavei a louça, estou escrevendo e vou, finalmente, tomar um banho. Hoje vamos conhecer a cidade: casa/museu de Neruda, Mercado Central, alguns pontos históricos e a Fundação Victor Jara. Vamos ao Centro. No final da tarde tomaremos um café, num dos tantos que embelezam a cidade.







Fotos: Roberto Arrais

10.4.11










Aniversário de minha mãe. Onde estará?

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Ontem à tarde, fiz doce de goiaba com minha filha. Pegamos aquelas frutas bem amarelinhas, lavamos todas, começamos a partir, uma por uma, em pedaços, surgiu o vermelho. Colocamos tudo numa panela, açúcar para transformar em doce, fogo baixo, tampa sem fechar tudo. Ainda não está no ponto, mais açúcar, o cheiro bom invadindo a casa, deixa engrossar mais o caldo.
Vamos aproveitar a chuva que cai forte lá fora e deitar no sofá para assistir ao seriado Divã. Hilário. Amante e esposa juntas. Isso é muito mais comum do que se pode imaginar, que o digam as psicólogas. Adorei e, mais uma vez, fiquei com inveja da escritora. Queria saber escrever assim.
O cheiro do doce nos levou para a cozinha. Pronto. Liquidificador, peneira, potes até esfriar. Hora de ir para as cobertas, ler um bom livro e cochilar.
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Foi assim o final do meu dia onte, ao lado do meu marido e de minha filha. Os filhos tinham ido para a casa do pai, meu irmão e sua família estavam no shopping, minha irmã curtia com sua turma a ressaca da festa maravilhosa que nos proporcionou. Tudo calmo, tudo quieto, cada coisa em seu lugar. Paz.
Já havíamos conversado, entre uma cerveja e um doce, sobre a vida, sobre as novidades – tio Quinho ficou sem palavras -, sobre a festa. Muito bom rever todo mundo, muito bom dançar em família. Estava com as pessoas que amo: filhos, marido, irmãos, sobrinhos, cunhado, cunhada, sogra, tios e tias, primos e primas, amigos e amigas. Muito espumante, meus pimpolhos estranhando o comportamento da mãe, o marido tomando conta por conta do nível do álcool. Dançamos tanto que o corpo mal se mexia no outro dia. Festa de arromba, como diriam os da minha época.
Pena que não deu para ir para a praia, matar a saudade que todo mundo está de lá. A chuva continua chegando forte por aqui.
Eu consegui rever meus amigos da praia. Encontrei com os pássaros, com as marias-farinhas, nadei com peixinhos e com agulhas. Encantei-me com gaivotas e borboletas, ouvi o canto das ondas do mar e das palhas do nosso coqueiro. Bebi água salgada, conversei com as fadas e os duendes, cuidei das plantas, ajudei a limpar a casa, coloquei as redes, abasteci a geladeira de delícias. As camas já estão forradas, as toalhas atrás das portas. Só falta a alegria da nossa família para a casa voltar a ser o lar.
...
Nas fotos que meu marido fez hoje, há o registro de uma linda siriema descansando no pneu do carro em nossa garagem. Quando contemplo as diferentes formas de vida, fico pensando em como Deus é amostrado. Tudo perfeito.