Pegamos uma van (U$ 13.00 ou $6000/pessoa) que nos deixou no nosso aparthotel na Providencia, uma região bem movimentada, cheia de cafés e livrarias. O rio, que corta a cidade, passa ao lado do hotel; há um Parque das Esculturas. O metrô, Las Liones, está há alguns metros. A cidade é muito limpa e arborizada. Calçadas largas, muito trânsito, claro. Vi muitas pessoas fumando, coisa que já não é tão ocmum em minha terra. Queria que os meninos estivessem aqui. É engraçado isso: sempre levamos conosco, não importa o tempo e o lugar, o que trazemos no coração. Eita, que saudade dos meus tesouros!
Depois das orientações básicas de Ana Maria – como ferver a água, como ligar o chuveiro quente – oba! vou tomar banho! ufa! tem banheiro no quarto! – arrumei a bagagem nos armários e no banheiro e fomos comer. Escolhemos um café na calçada. Comemos sanduíche com cerveja mexicana e curtimos o modo de vida de um outro povo. Gostei de estarmos num lugar comum, cercads por pessoas comuns, sem ser um ponto turístico. Havia uma mesa com um senhor de paletó e gravata, outra com um grupo de senhoras, outra com apenas uma – alinhadíssima com sua bengala. As mesas eram pequenas, para quatro lugares, cobertas com toalhas de xadrez vermelho e barnco. Atravessamos a rua e fomos a uma loja de cds para comprarmos os discos dos heróis chilenos de meu marido. Compramos dois; estamos com pouco dinheiro nessa viagem. De lá, seguimos para um supermercado e organizamos nosso café da manhã. Para nosso final de tarde no terraço do 16º. Andar do flat, compramos vinho em caixa – só para experimentarmos. Voltamos para nosso lar aqui, arrumamos as coisas na geladeira e dormimos um pouco. Acordamos, colocamos roupa de banho e fomos para a piscina com nossa taça de vinho. Lá, a vista é linda. O céu estava azul e sem nuvens. O sol ainda brilhava, apesar do relógio apontar para oito horas da noite. A máquina fotográfica trabalhou bastante porque, além da bela vista da cidade, com seus parques e montanhas que a cercam, ao nosso lado, ali, bem pertinho, estava ela, imensa, quase uma miragem, completamente nua, permitindo-nos ver suas ranhuras, seu relevo: a Cordilheira dos Andes. Exuberante, apesar de estar sem a cobertura da neve. É tão grande e poderosa que provoca uma ilusão de ótica, como se a Terra alcançasse o Céu, tema tão comum na mitologia e tão real para meus olhos. Contemplá-la, ao por do sol e ao vento frio, colocou-me numa espécie de transe. A Natureza é a grande Majestade.
Voltamos para o quarto e eu apaguei. Meu marido ainda tomou banho, lanchou, mas não consegui ficar de pé até hoje de manhã. Aqui, o sol acorda mais tarde e tudo só começa a funcionar a partir das 10h. Organizamos nosso café da manhã, com direito à torradeira, lavei a louça, estou escrevendo e vou, finalmente, tomar um banho. Hoje vamos conhecer a cidade: casa/museu de Neruda, Mercado Central, alguns pontos históricos e a Fundação Victor Jara. Vamos ao Centro. No final da tarde tomaremos um café, num dos tantos que embelezam a cidade.
Fotos: Roberto Arrais
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