23.1.09

Há mais entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.

Tive uma formação religiosa dentro dos padrões da Igreja Católica. Estudei em colégios de freiras, fui batizada e fiz primeira comunhão. Mas quando chegou o momento de confirmar minha crença através da crisma, recuei. Havia lido o livro Ilusões, de Richard Bach, e aquele texto começou a iluminar, como a chama de uma vela, um caminho que me parecia familiar.
Na infância tive contato com uma amiga de minha mãe que viu dons mediúnicos em mim, o que foi logo descartado por todos. Brinquei com o copo na mesa, assisti à novela A Viagem e perdi meu tio, que mexia com o mundo dos espíritos, nessa época. Ainda me lembro dos pontos que ele cantava: Quem esse cacique que vem lá de Aruanda? É Oxó com seu cavalo e seu chapéu de banda. Pelo menos é assim que ficou registrado em minha memória. Deixei tudo isso de lado e segui minha formação católica.
Por volta dos 16 anos, comecei a brincar novamente com o copo deslizando na mesa e fiquei assustada quando percebi que o copo só mexia quando meu dedo estava sobre ele. Eu ficava exausta depois dessas sessões. Lembro uma vez que adormeci no colo de minha tia e resolvi que não faria isso mais nunca.
Depois de Richard Bach, comecei a ler outros livros mais esotéricos e decidi que não seria mais católica. O assunto ficou guardado e continuei vivendo minha fé na vida com muita convicção. Em momento algum perdi a crença no Sagrado.
Casei, tive uma filha, separei-me e engravidei de um amigo logo nas primeiras relações sexuais que tivemos. Estava na faculdade quando uma amiga espírita me disse que meu bebê era maravilhoso e que havia uma ligação amorosa muito forte entre nós dois porque ela via um lindo cordão azul ligando as energias dos dois espíritos: o meu e o dele. Depois do aborto, quando deitei em minha cama cheia de culpa, ouvi dentro de minha cabeça: “Não chore. Eu vou voltar”. Ouvi essa mesma frase de pessoas em centros espíritas que visitei e que não tinham conexão alguma entre si. Estava longe do pai dele e a vida nos ligou novamente. Tivemos mais dois filhos. Não sei se voltou.
Sei que fui a um centro perto da minha casa. Meu amigo não teve autorização do mundo espiritual para ir. Entrei e fiquei em pânico quando vi a galinha preta no meu pescoço, quando pessoas incorporavam outras entidades. Pomba Gira passou por mim, soltou fumaça ao redor do meu rosto e seguiu para as próximas pessoas. Voltou e me disse “Tu fez um aborto. Mas ele tá bem e vai voltar. Mas tu não vai ficar com o pai dele, não”. Essa previsão demorou 17 anos para se concretizar. De repente, lá, fui chamada para uma roda e senti meu pescoço dobrando, as pernas amolecendo. Percebi que algo estranho estava acontecendo e que se não retomasse o controle alguma entidade entraria no meu corpo energético. Comecei a rezar e a pedir para que isso não acontecesse. Não permiti. Voltei exausta para casa e coloquei mais uma vez a mediunidade embaixo do tapete. Só deixei que saísse um pouco quando escrevi duas cartas, possivelmente psicografadas. Mas também não quis dar muita importância a isso.
Terminei meu curso de Psicologia, fiz formação em Psicologia Transpessoal, em Regressão a Vidas Passadas e tive experiências fantásticas que provaram a conexão entre o mundo que vemos e o mundo da espiritualidade. Senti no corpo as mesmas sensações que senti em outras mortes que tive e compreendi melhor o que preciso aprender agora. Se isso é arquétipo, memória ou imaginação, não importa, mas sei que revivi situações difíceis para mim. O conflito entre a Bacharela em Ciência da Computação, com a razão na primazia de meu desenvolvimento intelectual, e a mulher que sentia que essa razão não era suficiente para justificar o que sentia, foi um grande torturador para a minha frágil convicção de que a realidade é a que observamos.
Fui para a Sibéria e tive iniciação em cura espiritual por xamãs siberianos. Vi milagres acontecerem, inclusive em minha própria vida. Coisas que eu diria que só aconteceriam em novelas começaram a fazer parte do meu cotidiano. E, confesso, tive medo.
No consultório pude experienciar cura com a imposição das mãos, pude confirmar a veracidade do tarô e pude perceber as energias que estão presentes nos momentos em que interajo com as pessoas que atendo. Não vejo a energia; apenas a sinto.
De tudo que já estudei, o mais forte e o mais complicado foi a astrologia. Fico chocada com a exatidão de um mapa astral. Viemos para a Terra com um guia para direcionar as nossas vidas. Pena que não sabemos como decifrar suas mensagens.
Senti grande interesse por parteiras e estou descobrindo que na tradição feminina são consideradas xamãs, ou, como uma amiga me chama, xamoas. Hoje, gosto de me reconhecer como xamoa, como uma mulher que transita entre o mundo real e o mundo espiritual. Aprendi a perceber a conexão entre todas as coisas. Ao contemplar as estrelas, sinto que estou ligada amorosamente a elas. Apesar do enorme sentimento de solidão e desamparo que as pessoas da contemporaneidade apregoam, sei que não estamos sós no Universo, como já nos ensinava Francisco de Assis.
Uma amiga diz que ser bruxa não é fácil. Concordo com ela. Mas se esse é o caminho, o que fazer? Não há saída feliz se não realizarmos o que viemos fazer aqui.
Já comprei meu caldeirão, meu chapéu e minha vassoura. Só falta voar.

22.1.09

Os Caminhos da Vida

Tenho hoje 46 anos e ainda me surpreendo ao constatar que o que aparentamos pode ser o oposto do que sentimos. As experiências que tenho vivido me fazem ver que Freud realmente explica.
"Não pago". "Apresente-me seu extrato". "Mostre-me seu cartão de crédito". Aparentes agressões que escondem "Vou continuar brigando porque essa é a forma que tenho para continuar vendo você", "Ainda quero controlar sua vida", "Não me deixe só". Por trás de tanta violência, um coração ferido e cheio e amor. É verdade que um amor não mais correspondido e agora camuflado em vingança. Mas, mesmo assim, amor e um grande amor que expressa toda sua força nas entrelinhas das limitações mundanas.
A Alma sabe o que sente. O Universo, com suas conexões mágicas, sempre faz justiça e a Lei do Retorno, você colhe o que planta, atua sobre todas as coisas.
Adoro duas frases de Cristo e procuro aplicá-las à minha vida. A primeira, "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem". A segunda, "Pai, em Tuas Mãos eu entrego o meu Espírito". Esta fala da minha eterna confiança no Sagrado, pois me jogo na Vida como um filho pequeno se joga nos braços de um pai digno, como o que tive e tenho na Terra. Aquela me lembra de Darci Ribeiro quando disse que sentia muita gratidão por seus inimigos porque havia aprendido muito com eles e, principalmente, porque não queria ter as características que eles tinham e isso lhe possibilitava perceber que estava no caminho certo, no seu caminho.
Tive a coragem de confiar em minha intuição, de seguir a minha Alma e hoje sou uma mulher completamente feliz e realizada. Tenho filhos maravilhosos, faço o que gosto na minha vida profissional, tomo chá com meu pai, converso com minhas verdadeiras amigas coisas de arrepiar os cabelos, leio, escrevo, trabalho por um mundo melhor com muito carinho, cuido de plantas, tomo banho de mar, compartilho minha vida com irmãos incríveis, ainda recebo a energia amorosa dos meus ex-amores, sou cuidada por um grupo de pessoas que tornam meu viver mais cheio de dengo. Enfim, minha vida é coberta por bênçãos Sagradas que se expressam na simplicidade do meu cotidiano. É difícil as pessoas acreditarem que isso é possível. Mas esta é a minha verdade.
O mais fantástico, porém, é que acredito em duendes, fadas e príncipes encantados. Tenho um príncipe que ainda guardo como uma lembrança gostosa em meu coração. Agora, o mais maravilhoso é que sou casada com um Rei, mas não um rei que assumiu o posto porque seu pai deixou a herança do reino. Ele é um Rei que conquistou essa posição por méritos próprios, por sua imensa bondade e pelo enorme amor que coloca em tudo que faz. Sensível, carinhoso, brincalhão, delicioso, belo, forte, com um enorme campo energético, me faz derreter só de olhar para sua foto ou ouvir sua voz. Imaginem como me sinto quando vamos passear nas nuvens. Quando eu era criança e ainda nem tinha beijado na boca, dizia para todo mundo ouvir, inclusive para minha mãe e para as freiras repressoras do colégio religioso onde estudava, que eu sabia que uma relação sexual, um orgasmo, era a expressão máxima do Sagrado na Terra. Hoje, com meu Rei, comprovo essa tese nos mínimos detalhes. Vivencio essa magia e agradeço à Deusa esse presente.
Compartilho tudo isso para futucar um pouco as pessoas que tiverem acesso a esse texto. Queria dizer que não se conformem com pouco, não aceitem uma vida medíocre e vazia apenas pelo medo do novo. É possível, sim, um encontro de Almas e a felicidade existe. Nunca é tarde para se recomeçar um novo caminho, um novo projeto, uma nova vida.
Já ouvi de muitas mulheres, e até de alguns amigos homens, que isso que me aconteceu foi uma coisa rara que não acontece com todo mundo. Sou uma pessoa comum e minha vida não tem anda de especial para merecer dos Céus um presente assim. Beiro os 50 anos, tenho três filhos, as celulites já chegaram, não tenho muito dinheiro, não sou um exemplo da beleza das passarelas. Agora, é verdade que tenho uma inabalável fé na vida e me conecto o tempo todo com a abundância do Universo. Sei que esse é o meu Caminho. Cada um terá a sua forma de se fazer feliz aqui nesse planetinha e só precisa descobrir como manifestar o seu quinhão do Sagrado nessa vida que escolheu.
Sou Libriana, regida por Vênus, a Deusa do Amor. Amo e amo e amo. E poder amar e ser amada por um Rei maravilhoso é realmente um milagre. Mas quem disse que a vida não é feita de milagres e de magia.
Abracadabra!