26.3.09

Ainda não posso ser bruxa de verdade, com plenos poderes. Preciso aprender a controlar minha força. Descobri que não sou apenas conduzida pela força do amor.
A vida sempre nos testa, desafiando-nos a quebrar o ego, bobo ego. O meu teste começou com uma experiência bem negativa com alguém que já fez parte de minha vida e que hoje, graças aos Céus, faz parte do meu passado. Não vivo mais o Inferno, apesar dessa fase ter deixado marcas em meu corpo que serão difíceis de cicatrizar.
Essa pessoa tentou me chantagear e isso me tirou do sério, o que era, aliás, o seu propósito. Estávamos dividindo bombons de chocolate e ela me disse que só me daria a quantidade a que eu teria direito, numa divisão meio a meio, se eu concordasse em ceder para ela os dois maiores Ovos de Páscoa. Fiquei indignada com a proposta indecorosa, principalmente porque grande parte dos bombons havia sido comprada com o dinheiro da minha mesada, doado por meu pai. Mas essa pessoa estava acostumada a tirar vantagem de tudo, e nas coisas comigo, então, nem se fala. Esperneei, gritei e desejei, com toda intensidade da minha Alma, que tudo, absolutamente tudo, que ela estava fazendo comigo voltasse em dobro para ela. E isso é um perigo quando a fonte do desejo é uma bruxa porque o seu pensamento é capaz de mover montanhas.
Fiquei triste com minha fraqueza, pois as bruxas só devem usar seu poder para o bem – apesar desse desejo não ter sido diretamente para o mal, e, sim, direcionado para a justiça Divina. Depois, soltei uma gargalhada, pois se ela estava agindo assim comigo na situação dos bombons, agiria com ela, da mesma forma, no momento em que fôssemos repartir outras coisas que tínhamos em comum, o que me favoreceria muito mais. O que o Universo estava querendo me ensinar era a ter paciência, um desafio enorme para mim. Respirei fundo, agradeci pela oportunidade de aprendizagem e sorri, um sorriso quieto, sutil, de quem acaba de descobrir que com o que ganharia das outras partilhas daria para comprar bombons, muito mais bombons. Pena que não compreendi tudo na hora e tive que liberar tanta energia densa para o Universo, para a pessoa instrumento de minha aprendizagem e para o meu próprio corpo.
Agora e sempre, tudo será meio a meio. Justiça seja feita. Estou feliz, muito feliz.

25.3.09

Dei uma lida nos textos que escrevo e percebi que são sempre cheios de energia e de garra. Imagino que se alguém estiver com o astral baixo, precisando daquela força, vai terminar a leitura mais animado, com mais vontade de fazer algo pelo mundo e com a certeza de que pode escrever sua própria história.
Mas, hoje, o texto vai sair diferente. Estou mais quietinha e querendo colo, carinho e dengo. Às vezes é difícil canalizar as forças do Sagrado e o que preciso mesmo é que anjos derramem suas bênçãos sobre meu corpo cansado.
Aprendi com a Psicologia que o corpo fala e que a doença é uma linguagem da Alma. Quando fico dodói, sei que meu corpo está tentando me mostrar onde devo harmonizar minhas energias. Estou sofrendo agora as conseqüências da surdez temporária que vivi durante o tempo que precedeu o final do meu casamento anterior, quando não quis escutar o que todo o meu ser clamava: o meu feminino estava ferido. Levei tempo demais para agir e a ferida da Alma fez seu registro no organismo. Confirmo na prática a teoria que sempre defendi.
Quis falar sobre esse tema porque desejo que minha filha seja mais rápida e não precise deixar isso acontecer em seus momentos de crise, porque escuto minhas clientes falando sobre suas dores e adoecendo porque deixam a energia estagnada do que já passou continuar a agir em seu momento presente, porque acompanho a dor de amigas queridas que tentam iludir seus corpos com fluoxetina, jogando para baixo do tapete o que as incomoda e que precisa de tomada de posição no agora.
A desarmonia, chamada doença, sempre me coloca próxima da morte. Não tenho medo dela. Sinto até um carinho muito grande por ela porque seria uma dissolução no Eterno, assim como o rio quando chega ao oceano. Mas ainda não quero ir. Tenho tanto o que fazer, tenho tantos momento mágicos para viver aqui nesse planetinha complicado e belo junto às pessoas que amo!
Queria mesmo era o colo de minha mãe. Deitaria nele e pediria que coçasse minha cabeça, fazendo cafuné. Ouviria seus sábios conselhos de coragem e ousadia. Mulher forte aquela! Queria o colo do meu pai, dizendo-me que não me preocupasse e que tudo iria ficar bem. Este colo hoje é impossibilitado pela fragilidade de seu estado de saúde e quem dá o colo agora sou eu. Queria poder conviver mais coladinho com o homem que amo e que partiu, como Dom Quixote, convocado para enfrentar seus moinhos.
Então, diante da realidade, sem muitas opções de colo para mim, conecto-me com Francisco de Assis e vivo o ‘é mais alegre dar que receber’ e vou dando colo para filhos, amigas, clientes, meu jardim e meu cachorro. Só preciso um pouco dessas paradas. Abasteço-me no contato com a natureza e na espiritualidade.
Descobri que oro quando escrevo. É aqui, na escrita, que sempre tenho colinho, porque nela sempre estou plena e inteira. Por isso, mais uma vez... Era uma vez... que história vou contar?

24.3.09

Minha filha, estudante de jornalismo, veio me perguntar ontem o que tinha acontecido com meu post no blog. Respondi que havia escrito logo cedo e que não tinha dado tempo de terminá-lo nem de relê-lo.
- Mãe, quando a gente não termina o texto a gente não posta, né?
Entendi a crítica. Comentou que não tinha pé nem cabeça o que havia escrito. Havia descrição, saltava de um assunto para outro sem coerência e nada de reflexões e ponderações sobre tudo aquilo. Concordei com ela e achei a maior graça sua indignação. Comecei a me apaixonar por aquelas frase desconectadas só pela reação que tinha provocado nela.
Expliquei que a narrativa, contando detalhes do cotidiano, era com o propósito de dizer que acho que somos felizes na simplicidade do dia-a-dia. É no tomar água, suco ou vinho, no dormir abraçadinho, no tomar um banho bem quente, no jantar juntos e conversar sobre tudo. Tentei traduzir essas coisas todas que sinto quando descrevi as viagens e alegria da amizade.
O outro lado da mesma moeda, ou seja, da vida, é que apesar de todas essas maravilhas que nos fazem felizes, há muito que transformar para o mundo ficar melhor.
Foquei no passeio pelo parque de meu bairro e na questão do lixo. O parque é lindo e está tão abandonado. Fui, com meu marido, dar uma olhada para ver o que precisa ser feito já. Ele está exercendo uma função pública e se já era ligado na qualidade de vida dos trabalhadores da cidade, agora só pensa nisso o tempo todo, pois pode, de fato, fazer alguma coisa. Conversamos com freqüentadores que reclamaram do abandono, sugeriram campeonatos de futebol e falaram que ‘o homem’ precisava olhar por aquele local de lazer. Ao contar este episódio para meus filhos, comentaram que mal sabiam eles que falavam com um legítimo representante do ‘homem’, ou melhor dizendo, do poder público municipal. Anotamos nomes de ruas onde o lixo estava espalhado e muitas observações e idéias para melhorias do lugar. Saímos de lá e fomos para a Praça de Casa Forte, um local maravilhoso, para ler os jornais do domingo, sentados à sombra das árvores. Neste momento já estávamos, de novo, no outro lado da moeda, no lado da vida onde tudo é doce porque há amor. Não dá para descrever a harmonia dos pássaros cantando e tomando banho nos muitos lagos que existem, a beleza das vitórias-régias, o som do vento nas folhas das árvores, a canção vinda dos gritos de alegria das crianças brincando e correndo atrás de seus pais ou de outras crianças e, principalmente, o meu contentamento ao me perceber lendo jornal numa praça ao lado do meu amado. Tudo muito simples e pleno.
De volta para casa, viramos novamente o lado da moeda e continuamos nosso estudo sobre o lixo urbano, pois estamos muito ligados nessa problemática. Confesso que fiquei chocada e comecei a imaginar que o mundo vai acabar não por conta dos cataclismos previstos pelos místicos, mas porque vamos todos morrer soterrados por montanhas e mais montanhas de lixo. Imaginei a cena e quase tive uma crise de riso, riso histérico, é verdade, porque o trágico quase sempre se torna cômico. Então, começamos a pensar no que poderia ser feito para minimizar os efeitos catastróficos do lixo que produzimos. Fui dormir com minha cabeça fervilhando de idéias e perguntas.
Bom, então foi isso que aconteceu e que deu origem ao post maluco de ontem, segundo minha filha. Para terminar os esclarecimentos, quero dizer que é exatamente o movimento de mudar o lado da moeda que dá ritmo a minha vida, preciso dos dois lados, preciso do belo para reabastecer minhas energias e preciso dos desafios da vida para colocar essas mesmas energias para fazer a parte que me cabe nesse latifúndio.
Costumo dizer que São Pedro, o santo que tem a chave de entrada do Céu, perdoa tudo: gaia, violência, roubo. Só não vai perdoar a gente ter desperdiçado a oportunidade de, em vida na Terra, expressar o Dom que o Sagrado botou na gente para que fosse desenvolvido por aqui e na hora da volta estivesse bem melhor do que quando chegou. Por acreditar nessa historinha, tento viver o meu Dom, assim, virando e revirando os lados da moeda, da mesma moeda, filha, da moeda que é a minha vida.

23.3.09

Os dois lados da mesma moeda











Na última quarta-feira saí do meu consultório muito cansada. Só consegui tomar um café e cair na cama, exausta.
No outro dia, fui com minha irmã, duas amigas e nosso fiel escudeiro, o motorista, procurar casa em Gravatá para alugar na Semana Santa. Adorei uma e fechei na hora. Depois fomos conhecer o palácio de uma das amigas que estavam no carro. Ficamos encantadas com os detalhes carinhosos que se espalhavam por todos os lugares daquele cantinho de descanso. Comemos sanduíches e seguimos viagem para Lagoa dos Gatos, terra de minha mãe.
Minhas amigas nunca haviam estado lá, na terrinha santa, e se deslumbraram com a beleza da cidade, cheia de montanhas, pedras e água. Tiramos fruta do pé e chupamos pitomba. Depois fomos visitar nosso apartamento, mantido na cidade como o ponto de apoio quando viajamos para o interior. Adoraram tudo e ressaltaram a harmonia da decoração. Concordo com elas, pois lá colocamos o que tínhamos de melhor, já que seria nosso ninho de amor e de aconchego familiar.
Voltamos para Gravatá e fomos comer charque e cartola. Uma delícia para coroar o final do nosso passeio.
Na sexta-feira à noite fomos para a casa da outra amiga comer um autêntico bacalhau português, preparado por seu marido, com direito a bolinhos de bacalhau fritos por sua sogra, uma portuguesa legítimo. Tudo de dar água na boca. Também tomamos vinho, muito vinho.
Sábado de manhã, mais uma vez na estrada, agora só as três amigas, indo em direção à nova casa de praia. Sol, mar, cerveja, camarão e sorvete para celebrar mais um momento de alegria e amizade. Uma das minhas amigas ainda não conhecia essa casa na praia e adorou a decoração que mistura o artesanal com o sofisticado. Tudo azul!
Isso é um lado da moeda. O outro lado...
No sábado à noite assisti com meu marido a vídeos que documentam o problema do lixo no Brasil. Fui dormir inquieta. No domingo pela manhã, fomos andar pelo bairro para verificar a situação de um parque próximo do local onde moramos. Comemos azeitona roxa, tirada na hora por meninos da comunidade. Compramos jornal, fomos para a praça e nos sentamos à sombra das árvores para lê-lo com tranqüilidade. Almoçamos e mais filmes sobre o lixo.
À noite, no domingo, já tinha informações suficientes para não conseguir dormir com o tanto que tem para ser feito com o objetivo de ajudar outras pessoas a terem condições dignas para viverem em paz.
Gosto de viver desse jeito, na alternância entre o balanço da rede e o choque da vida, Funciona como a respiração. No Universo tudo tem um ritmo. O meu é esse. Já estou de mangas arregaçadas para começar o trabalho, ainda que meio zonza.