29.4.09


Uma amiga comentou comigo noutro dia:
- Nossa! Nossas amigas estão todas plastificadas.
Referia-se ela às cirurgias plásticas que amigas fizeram, quase ao mesmo tempo. Parece até que deu a louca na mulherada para todas desejarem uma imagem de corpo diferente.
Fiquei com aquela frase na cabeça, mulheres plastificadas. A princípio, pensei que o significante plástico dava uma idéia de artificial, de algo que não era natural. Então, nossas amigas estavam tentando ter um corpo que, de verdade, originalmente, não era o delas. Bem, isso era real, mas muito superficial.
Voltei à época dos meus 20 anos, quando também fiz plástica, plástica de mama, porque queria sentir em meu corpo a reparação que havia feito em minha alma: tornara-me mulher, uma mulher livre para o gozo dos prazeres da carne.
Lembrando-me das inúmeras conversas que tivera com essas amigas, tive um insight sobre o verdadeiro motivo para tantas intervenções externas em seus corpos: o que cada uma delas queria era manifestar, registrar fisicamente, no próprio corpo, as transformações ocorridas em sua alma. Não bastava ficar no campo do significado, das interpretações. Era necessário ver para crer. O corpo precisava mostrar que as feridas da Deusa Afrodite haviam sido curadas. Agora poderiam assumir sua energia feminina, sem culpa, sem medo, sem sentimentos de inferioridade ou de pecado. Gozar o corpo, gozar a vida, gozar o gozo.
Um brinde às mulheres que têm coragem de cortar suas amarras em sua própria carne:
- Tim! Tim!

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