18.1.08

Clic de Amor



Sempre me emociono quando me conecto com o Roberto Arrais, fotógrafo. Ao pegar na máquina, toca-a com o carinho que se toca a mulher amada, buscando suavemente o ponto exato do êxtase. Nunca a deixa abandonada num canto qualquer, pois sabe que é através dela que faz poesia. Abre um largo sorriso no instante em que seus olhos capturam uma imagem que vai se transformar no eterno. Olhos mágicos os seus! Pode ser um pôr-do-sol, uma flor, um animal, uma árvore, um sorriso, uma lágrima. Foto alguma de Roberto Arrais é desprovida de significado. Não retrata a realidade, no sentido descritivo do termo, pois coloca sempre doçura e esperança em tudo que faz e esses sentimentos permeiam o seu cotidiano. Se há a paisagem árida do sertão, há também a flor do mandacaru prenunciando a chuva que logo vai chegar, traduzindo, dessa forma, sua teimosa fé na vida. Com máquinas e lentes, à procura do melhor ângulo, empenha-se para registrar a beleza das coisas que ama. Seus olhos brilham como os de uma criança quando vê o resultado dos clics de seu trabalho. Ao vê-lo fotografar o Sagrado, não consigo identificar onde começa e onde termina a Divindade. Percebo-A diluída no fotógrafo e no foco de seu olhar. Roberto Arrais, o fotógrafo, é assim: puro amor.

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