23.11.09

E o ciclo da vida começa novamente





Acompanhei, de perto, o nascimento de minha sobrinha Sofia e, confesso, que fiquei maravilhada com a magia da vida. Por mais informações que eu tenha sobre todo o processo da concepção, espermatozóide e óvulo, do desenvolvimento do bebê no útero, do parto, não consigo sentir só o biológico no momento em que a vida explode num novo bebê que chega à Terra. Tem que ter um tantão de Sagrado ali. Chorei, emocionada, ao lembrar minha mãe que estaria enlouquecida de alegria se pudesse ver mais um dos seus a nascer. Para ser sincera, sei que estava ali ao nosso lado, claro que em uma outra dimensão. Lembrei, sem muita consciência, do nascimento daquele que agora era o pai, e de toda nossa fé para que sobrevivesse nos seus seis meses de gestação e fosse feliz. Sobreviveu, tornou-se uma criança linda, com enormes olhos azuis, e hoje é um adulto encantador que já gera novas vidas e salva outras tantas como médico. Honrou a chance que a Vida lhe deu.
Voltei no tempo e me vi na maternidade esperando por Gabi, depois Digo, depois Doca. Quanta alegria! Revivi, também, os momentos dolorosos dos meus três abortos e rezei por aqueles que não tiveram a chance de pertencer à nossa família. Fiquei louca para ter outro filho, agora com meu novo amor, mas pensei que já estou mais para avó. Os meus filhos foram todos frutos de muito, muito amor por meus maridos à época. Foi lindo ter Eduardo ao meu lado, esperando ansioso por nossa filhota, cuidando dela por um mês todinho e me apoiando no início do meu caminho como mãe. Também tive Almir vibrando por ser o pai de filhos tão lindos e me ajudando a ser uma mãe melhor. Todo esses filminhos passaram por meu coração numa fração de segundos, enquanto observava as enfermeiras prepararem Sofia para ir para o berço aquecido.
Aí entrou a Psi e comecei a questionar o que nós, ocidentais, estamos fazendo com nossos bebês. Nascem, tiramo-nos do lado das mães, enfiamos um monte de tubinhos por tudo que é buraco, deixamo-los sozinhos numa espécie de chocadeira quente. Fiquei observando os movimentos do corpo de Sofia, jogando mãos e pés à procura de algo que o sustentasse no vazio. Senti uma dor muito grande no peito. Poxa! Estamos fazendo tudo errado. Enfiamos tanta tecnologia nesse processo e nos afastamos do natural, do ciclo da vida em si. Resolvi que lutaria pelo resgate do parto com parteiras, da forma mais próxima da natureza, num verdadeiro ritual de mulheres, com a Deusa reinando absoluta. Vi uma enorme legião de mulheres, de todos os tempos, de todos os lugares, reunindo-se em círculo ao redor daquela que traz à vida um novo ser, ajudando-a com sua energia feminina. É assim que deve ser. Temos que resgatar o simbólico desse momento mágico.
Bem-vinda, Sofia! Que a Grande Deusa a proteja. Que a energia Feminina ilumine o seu caminho.

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