Não, amiga, ainda não.
Preciso de mais um chope gelado
para refrescar minha memória
sobre os prazeres da vida.
Tudo tem sido tão amargo.
Quero mudar o rumo desse caminho,
árido como o chão seco do sertão nordestino.
Amiga, o que fazes quando
a chuva molha toda aquela terra rachada
e sua opositora toma conta de cada pedaço,
com pássaros, flores e rios?
Como conter tanta alegria?
Não, amiga, ainda não.
Espera mais um pouco, quietinha,
para que ninguém, nem eu mesma,
perceba tua presença a me espreitar nas esquinas.
Não quero voltar para casa.
Desejo beijos molhados,
cheios de amor e tesão,
em cima da cama ou do gramado do jardim.
Não, amiga, ainda não.
Vou tomar banho de mar,
em plena chuva de verão.
Vou pegar a lua com a língua
e engoli-la de uma só vez
para falar de amor
nos ouvidos daqueles que se sentem solitários
e sonham acordados
com príncipes, princesas e finais felizes.
Não, amiga, ainda não.
Amanhecerei beija-flor
e, a partir de hoje,
não me confinarei nas gaiolas
que inventei para me esconder
das possibilidades de escolhas.
Beijarei todas as flores e
serei todas as cores.
Prometo, amiga,
se me deres mais uma oportunidade,
que serei a liberdade
e percorrerei os lugares livre como o vento,
ora suave, ora forte,
mas sempre inteiro.
Não, amiga, ainda não.
Estou com medo.
Permita-me beber mais um gole,
não mais do chope gelado,
mas da vida que desperdicei e que não vi passar.
A vida, a minha vida, está logo ali.
Não, amiga, ainda não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário