3.12.06

Gaiolas de Ouro


Fazia tempo que não andava a pé pelas ruas. O dia estava lindo com o céu sem nuvens. O brilho do sol deixava douradas todas as plantas do parque. Pássaros embalavam com sua melodia as brincadeiras das crianças. O perfume das flores era tão forte que a deixava um pouco zonza.
Sentou-se num banco e começou a olhar o movimento. Adultos faziam exercícios físicos em busca da saúde perfeita, do corpo perfeito. Existiria corpo perfeito? Como se poderia ter um único modelo para o belo?
De repente, olhando para as varandas dos prédios luxuosos, viu uma cheia de gaiolas de passarinho. Ficou com um coração partido. Aquilo era uma tortura. Prender passarinhos e tirar-lhes a liberdade de voar, tendo como paisagem um parque cheio de árvores e de outras aves com o direito de ir e vir quando desejassem! Isso era uma tortura. Seu coração chorou e lágrimas caíram de seus olhos.
Lembrou, então, que muitas pessoas também vivem assim, presas em gaiolas de ouro – casamentos, empregos, profissões, modelos de beleza -, tendo como tentações a imensidão do mundo, as inúmeras possibilidades de serem livres e felizes. Só que existe uma diferença entre pessoas e passarinhos presos em gaiolas: aquelas podem abri-las.
Agora quem chorou foi sua Alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Há de se considerar aqui a divergência de perspectiva. Para uns a liberdade é uma infinda opção de empresas, pra outras algo deveras ameaçador. Já ouvi histórias de pássaros que mesmo com a porta aberta não abandonou sua gaiola, conosco também é assim. Isto é opção ou castigo? Para cada um seu próprio destino.