13.7.07

Impossível?

Meus amigos e minhas amigas têm me cobrado uma maior freqüência na produção de textos. Até concordo com eles e com elas que poderia estar escrevendo mais. Às vezes, fica difícil expor sentimentos que ainda não estão claros para quem os vivencia e o silêncio traduz o muito que poderia ser mostrado, mas que permanece escondido. Aos poucos, todos os segredos vão sendo revelados, inclusive para a própria autora.
Por enquanto, vou contando histórias das amigas, das amigas, das amigas de minhas amigas. Uma delas está vivendo uma situação que nunca imaginou que pudesse acontecer nessa fase de sua vida, com quarenta e tantos anos.
Depois de mais de 20 anos de casada, com quatro filhos já grandes, e toda uma vida dedicada à família, foi comunicada pelo marido que o mesmo estava saindo de casa, pois havia se apaixonado por uma mulher maravilhosa com 20 anos de idade. Foi um baque. Sentiu-se traída pelo marido e pela vida. O que faria agora? Não tinha formação profissional, estava velha e feia – pelo menos era assim que se via naquele momento – e não sabia como fazer para continuar vivendo. Chorou muito e, depois de um tempo, percebeu que precisa tomar um novo rumo.
Amigos a ajudaram e conseguiram um emprego numa instituição pública. No seu primeiro dia, toda nervosa, chegou e foi logo conversar com o chefe que lhe perguntou “A senhora já trabalhou antes?” e ela, pega de surpresa, respondeu “Eu me desquitei agora”. O chefe ficou olhando como quem diz “essa aí ainda vai ter muito que aprender”. Para sua sorte, ele tinha um coração de ouro. Com paciência foi ensinando tudo a ela. Era um mundo novo que descobria. O que antes lhe causava ansiedade começou a lhe dar prazer. Recebeu seu salário, comprou roupas novas, começou a se conhecer de verdade e a gostar de si mesma. A cada dia ficava mais bonita. O trabalho envolvia viagens e foi descobrindo que o mundo era bem maior que sua casa.
Tudo corria bem. Mas a vida não deixa as coisas ficarem calmas por muito tempo e provocou nessa amiga da amiga da minha amiga uma grande confusão: apaixonou-se pelo chefe, um homem casado, sério, que nem imaginava o que se passava em seu coração. Bastava ele chegar que ela começava a se tremer toda. Dormia pensando nele, acordava pensando nele. Adorava quando ficava explicando para ela as tarefas do trabalho ou ensinando-lhe as coisas do mundo. Perguntava-se onde estava enquanto tudo aquilo tinha acontecido e, alienada, não tinha percebido. Começou a trabalhar até mais tarde, nos finais de semana, feriados, não media esforços para ficar um pouquinho mais de tempo ao lado dele. Sonhava com ele a tomando em seus braços, beijando-lhe o pescoço, fazendo amor em lugares lindos. Acordava toda derretida. O pessoal da repartição começou a notar que alguma coisa estava estranha, as fofocas passaram de boca em boca e chegaram aos ouvidos dele. Notou que ele se afastou, ficou mais na dele. E ela sofreu, sofreu, por fazer papel de ridícula, por amar e não ser correspondida, pois sabia que ele jamais olharia duas vezes para uma mulher tão boba como ela.
Não suportando mais aquela dor, pediu demissão, sem nem se explicar ao bondoso chefe os seus reais motivos, e viajou para bem longe de todos e, principalmente, para longe dele. Descobriu que longe é um lugar que não existe para quem ama, pois estar perto não é estar junto, é estar dentro. Pensou, pensou, agradeceu à Deusa a oportunidade de amar tão intensamente e voltou disposta a recomeçar num novo trabalho e a tocar sua vida para frente.
Mal chegou a casa, soube logo da novidade. O impossível, pelo menos para o que imaginava, aconteceu. Seu chefe havia se separado e os boatos diziam que havia se apaixonado por alguém do trabalho. A campainha tocou. Deu de cara com ele. Seu coração disparou e entendeu que a paixão dele era ela. Desmaiou.
Bom, o resto eu não vou contar, por dois motivos: o primeiro, é para deixar que vocês imaginem o que aconteceu; o segundo, é que como essa história é verdadeira e aconteceu com a amiga da amiga da minha amiga, preciso preservar a privacidade do casal. Vai que vocês o conhecem!

Um comentário:

PEDRO VILAR disse...

Puxa que texto leve! Gostei!
Beijos.