6.7.09


Sou um anjo e fui para a Terra com a incumbência de entender o amor entre um homem e uma mulher.
Tive a oportunidade de observar uma conversa de mulheres em um café. Todas falavam de seus amores e das características de seus homens. Uma delas, uma bonita mulher madura, relatava que já havia tido dois casamentos e que os homens não prestavam, pois só queriam sexo e não sabiam o que era amor. O seu último marido, inclusive, a havia traído com primas, amigas e irmãs da igreja. Comentava que os homens também não sabiam mais satisfazer uma mulher na cama e, por isso, tantas estavam se tornando homossexuais.
Confesso que fiquei surpreso e chocado. No céu, o planejamento do Todo Poderoso para o encontro amoroso de homens e mulheres era bem diferente do relato que estava ouvindo por aqui.
Consegui participar como observador de uma reunião, agora de homens, em uma mesa de bar:
- As mulheres não sabem mais ser femininas. Só querem mandar. Numa casa tem que haver um comandante. Não agüentei mais a minha e saí de casa.
- E o pior é que agora só querem saber de homem que tenha dinheiro. Não existem mais Amélias como antigamente.
Saí arrasado de lá. Então, só havia desencontros no amor?
Cheguei à outra mesa, onde um juiz, junto com advogados e clientes, concluíam um processo de separação litigiosa. A energia do ambiente era muito carregada e custei a acreditar que aquele casal um dia tinha se amado e seus corpos nus se abraçado sob lençóis.
Passei, rapidamente, para outro local, onde pudesse aprender alguma coisa boa sobre o amor. Estava ao lado de um homem, viúvo, que convalescia numa cama de UTI. Consegui ler seus pensamentos e o que vi começou a me dar um novo alento. Ele lembrava os bons momentos com sua esposa quando os dois sorriam abraçados e conversavam sobre o seu dia. Viu a cena que jogavam baralho e a que ela colocava seu café quente no pires para que esfriasse mais rápido e não o atrasasse para o trabalho. Fora feliz e tinha na bagagem da saudade os instantes de cumplicidade e companheirismo. Estava pronto para a travessia porque tinha a certeza de seu encontro com o grande amor de sua vida.
Resolvi que precisava acompanhar o cotidiano de um casal que estivesse vivendo um casamento comum. Percebi um que estava indo ao cinema, apesar do adiantado da hora e do cansaço de uma longa jornada de trabalho. Compraram os ingressos, comeram cachorro-quente, assistiram ao filme, com pipoca e guaraná, abraçadinhos.
Voltaram para casa, fizeram amor e adormeceram enganchados um no outro. No outro dia acordaram, tomaram café e foram caminhar pela praia. Observaram um pássaro com a perna machucada, encantaram-se com a perfeição do buraco da maria farinha. Na volta, jogaram totó, sinuca e pingue-pongue. Não havia competição entre eles e não se importavam com quem iria ganhar. Tomaram cerveja, ouviram música, dançaram, comeram macarrão com azeite e alho e conversaram muito. Prepararam um delicioso banho de banheira, namoraram num ambiente com velas e incensos. Consegui ouvir os pensamentos dele, deliciando-se com os momentos maravilhosos e com a beleza da companheira amada. Já os pensamentos dela revelavam o encantamento pelo seu marido e como estava feliz por compartilhar sua vida com um grande homem. Adormeceram ouvindo o barulho das ondas do mar e das palhas do coqueiro ao vento. Mais amor ao acordarem. Depois ficaram na cama lendo e ouvindo música, tudo na mais perfeita paz e harmonia.
Percebi a linda e poderosa energia que os unia, exatamente como havia planejado a Energia Sagrada lá de cima.
Minha esperança havia sido renovada, pois enquanto houvesse amor na Terra, tudo o mais, por acréscimo, seria dado aos homens e mulheres de boa vontade.
Parti para meu lar com o coração abastecido de alegria e o desejo de também encontrar o meu par.

Nenhum comentário: