30.9.09


Foto: Roberto Arrais
- Se você tivesse que ir viver na lua, o que ou quem você levaria?
- Você, amor e saudade.

Esta foi a resposta de meu primeiro namorado, quando ainda paquerava comigo, num caderninho de recordações que registrava perguntas e respostas de amigos. Lembro que fiquei emocionada com o que havia escrito e que relia o texto várias e várias vezes.
Numa noite comum, estava toda a turma de adolescentes no playground do prédio, ele chamou meu nome e quando me virei para olhar para ele, girou um chaveiro que, no movimento, mostrava ‘eu te amo’. Achei aquilo lindo. E, assim, com gestos simples e românticos, aos poucos, foi me conquistando. No dia que começamos a namorar, numa festa de aniversário de uma amiga, deu-me uma rosa e estendeu sua mão para mim, dentro do elevador, colocando bem os olhos nos olhos. Não resisti mais e lhe dei minha mão e meu coração. Fomos dançar e, bem devagar, veio o beijo, nosso primeiro beijo, meu primeiro beijo. O coração disparou, as pernas tremeram, todo o corpo amoleceu. Eu tinha quinze anos e começava a viver as alegrias e as dores do amor.
Ficamos juntos por quase seis anos e, durante todo esse tempo, tivemos muitos e muitos momentos recheados de carinho. Recebi guardanapo com a primeira letra do meu nome marcada com cigarro; ganhei jóia em caixa de fósforo; fiquei comprometida com uma aliança escondida em uma rosa que me foi entregue à beira-mar. Poemas de Pessoa, ramalhetes de rosas, bilhetinhos apaixonados, perfumes, discos, eu te amo em diversos idiomas, foram alguns dos mimos que recebi do meu primeiro namorado. Há ainda todas aquelas lembranças que me fazem derreter, mas que não podem ser contadas.
Tenho saudades desta fase cor de rosa de minha vida. Nunca mais o encontrei e espero que esteja feliz. Para ele, reservo um lugar muito especial em meu coração e uma enorme gratidão, pois, sendo o primeiro, deixou-me a marca da fé inabalável no amor, fé esta que me guiou pela vida afora, trazendo-me sempre novos amores que também deixaram minha alma recheada de carinho. Se hoje posso ser feliz no amor, devo muito a ele, que me mostrou que os homens prestam, sim. Fui apenas confirmando o que me ensinou.
Para terminar, uma música, de Dalva de Oliveira, que sempre cantou para mim.

Estrela do Mar

Um pequenino grão de areia que era um pobre sonhador, olhou o céu e viu uma estrela e imaginou coisas de amor... Passaram anos, muitos anos Ela no céu, ele no mar, dizemque nunca opobrezinho pôde com ela se encontrar. Se houve ou não houve alguma coisa entre eles dois, ninguém soube até hojeexplicar O que há de verdade é que depois, muito depois,apareceu a estrela do mar...

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