11.10.09











Fotos: Roberto Arrais
Estou participando de eventos que mexem, mais ainda, com as minhocas de minha cabeça.
O primeiro deles é a Bienal de Livros de Pernambuco. É lindo ver o encontro de um monte de livros com um monte de gente, tudo fervilhando de alegria. Há uma excitação no ar e até parece que os livros ficam, com sua magia, dizendo para todos, me leve, me leve, não me deixe aqui abandonado, sozinho, nesta estante fria; e as pessoas escutam, também com ouvidos mágicos, e, com carinho, vão fazendo suas escolhas e levando para casa o alimento de suas almas.
Contei a história do meu primeiro livro infantil – TROCANDO DE LUGAR – para crianças e, confesso, que fiquei emocionada quando vi aqueles olhinhos brilhando, cheios de expectativa, esperando pelo final da aventura dos personagens. Quando fizeram seus próprios comentários sobre como é bom, às vezes, na vida, a gente poder trocar de lugar para enxergar as coisas por outro ângulo, fui ao delírio. Teve um menino que disse que era bom trocar de lugar quando estava vivendo um problema difícil de enfrentar. Ao ouvir sua voz relatando exatamente o que senti quando inventei a história, sorri com meu coração, pois aquele leitor era a outra parte necessária para que tudo aquilo tivesse sentido e a história ganhasse vida, não sendo apenas um conjunto de signos em sequência, sem significado algum.
O outro, que quase me enlouquece, é o Festival de Circo. Pude ver sereia voando, bruxa na vassoura sobrevoando as pontes e o rio de minha cidade, gente de bicicleta andando por ruas imaginárias e, até, surfista pegando onda em pleno ar. Tudo completamente mágico e irreal.
Aí, fiquei pensando cá com meus botões, o que sempre é um perigo, pois invento cada coisa mais maluca ainda, como restrigimos nossas vidas a um pequeno, minúsculo, leque de possibilidades. Perguntamos para os filhos ‘o que você vai ser quando crescer?’, mas já imaginamos quais são as altenativas possíveis, (a), (b), (c), (d), (e), sem imaginarmos que (todas as alternativas estão corretas) ou (nenhuma das afirmativas é verdadeira) são também caminhos para um viver feliz. Nunca imaginei que poderia me encantar tanto com aquelas cenas. Sou uma bruxa, acredito, de verdade, que voam, mas me ver voando ali, pois claro que me identifiquei com ela, foi como um sinal de alerta para me despertar do transe em minha matrix. Até que me acho criativa, mas tive que inventar toda uma história para fazer um peixe voar e um passarinho sobreviver no fundo do mar. Então, de repente, sem artifícios, vi uma sereia linda, dançando num céu azul e, com seu canto, enfeitiçando todos que estavam em terra firme(?). Os olhos não conseguiam desgrudar do céu, as bocas se entreabriam para expressar o encantamento. Apesar dos ônibus continuarem no vai-e-vem alienante, seus passageiros não estavam mais alienados. Algo acontecia naquele instante, uma transformação invisível, provavelmente inconsciente, mas que tocava a alma de todos ali. A chuva de papel ficado, não era mais de papel: transformara-se em estrelas brilhantes no céu, como observou o poeta Jomar Muniz de Brito que a tudo assistia e transformava em poesia.










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