3.3.10

Ontem à noite meu amado irmão me ligou. Falou de suas dores, suas decepções. Senti meu coração chorar junto com o seu, pois, Freud explica, amo-o como a um filho mais velho. Quase na hora de desligarmos, veio com essa:
- Mulher, cria juízo. Não bota na internet que transou quando e onde.
Sorrimos e tchau.
Fiquei pensando onde eu tinha colocado local, data e hora dos momentos em que fiz amor. Fui ler meus posts no blog e soltei uma imensa gargalhada. O coitado tinha entendido tudo errado. Quando falei 'fizemos amor', estava me referindo a mim, à lua e ao mar. Mas perdoei sua ignorância, afinal ele é médico, não é deus, aquele que tudo sabe.
Lendo uma entrevista de um famoso escritor espanhol que gosta de misturar histórias verídicas com situações inventadas a partir de fatos reais, encantei-me com uma observação sua:
- Se um texto não é crível, não é bom.
Orgulhei-me de minha autoria. Escrevo coisas que nunca aconteceram de verdade e as pessoas acreditam que todas são reais. Claro que todo texto inventado traz a marca da subjetividade de quem o escreve, mas, quando se cria, a imaginação é livre e tudo pode acontecer.
Só para esclarecer.

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