22.2.08

O que ando fazendo da vida?


















FOTOS: Roberto Arrais
Noutro dia encontrei uma amiga organizando sua agenda lotada de compromissos e me lembrei da época em que minha vida era assim: organizada e ocupada desde cedinho até altas horas da noite. Não consigo mais me ver fazendo essas coisas. Hoje sigo o ritmo da vida. Reverencio a lua e suas fases.
Aprendi que o grande desafio da vida é a conquista de nossa própria liberdade. Foi tão difícil para mim: saí de cargos de chefia, saí de empregos públicos federais, saí de carteiras assinadas, saí de consultórios cheios, saí de tudo que de alguma forma me aprisionava, ou pior, me estacionava. É complicado entregar-se ao nada. As pessoas têm medo do vazio, do desconhecido, do caminho incerto, e, como sou uma pessoa, também tive medo. Mas uma inabalável fé na Vida foi algo que sempre me ajudou. Acredito que a Vida nos chama com os braços abertos e que precisamos confiar Nela e nos jogarmos de corpo e alma, tal qual um filho se joga nos braços de um pai.
Sou muito mais feliz e muito mais contente comigo mesma. Sei que se encontrasse minha criança pelo caminho ela ficaria grata pelo que fiz com nossa vida. Respeitei minha alma, segui meu coração. Para os que me perguntam o que ando fazendo da vida, vou dando a resposta. Meus dias não são iguais, vivencio experiências novas, emociono-me com pessoas, animais, plantas, pedras, sóis e luas. Chupo manga, jabuticaba e pitomba em plena quinta-feira, enquanto trabalho conscientizando sobre a importância da preservação da Natureza (como os índios, A reverencio como a grande Deusa). Cuido da horta em minha varanda. Caminho pela praça. Olho nos olhos do meu cachorro. Tomo banho e passo cremes. Como pipoca e brigadeiro com meus filhos, pão e tapioca com meu pai. Leio, escrevo, fotografo, ouço música em radiola. Aprendi a ver a vida do meu sertão. Amo como sempre imaginei que pudesse ser o amor. Sonho com um mundo melhor e faço a minha parte para ver esse sonho se tornar realidade.
Claro que não estou livre de angústias. Quando nos dispomos a encarar a nossa alma, sentimos luzes e sombras. Ainda tenho muitas perguntas. Ainda quero realizar muitos projetos. Quais serão os caminhos? Não tenho a mínima idéia. Tenho a certeza de que não irei mais trilhá-lo sozinha. Agora eu tenho um par.
Desejo que também encontrem o caminho secreto da vida de cada um de vocês.

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