26.2.09











Gosto de Carnaval e brinco desde a época de minha infância. Foram as bombas d’água, as bombas de cano, os confetes e as serpentinas, as fantasias, os corsos em carros abertos, os bailes infantis. Na adolescência, vivi os bailes nos clubes, o Boca Preta e o Boca Branca, no mercado público de Lagoa dos Gatos, e o carnaval de rua de Olinda. Já adulta, comecei a aproveitar os blocos do Recife Antigo. No ano passado, visitei o fantástico encontro de Maracatus em Nazaré da Mata.
Pela primeira vez, participei dos bastidores do Carnaval de Recife. Meu marido estava na equipe da organização municipal e trabalhou muito, antes e durante o Carnaval. Nunca imaginei que a festa envolvesse tanta gente dando apoio; é um verdadeiro exército. Definem-se os blocos, os trios e as atrações de cada pólo e de cada bairro onde a festa vai ocorrer. Há uma concentração no Recife Antigo, mas existem grandes palcos por toda a cidade. Só de polinhos são 43, com valorização dos grupos culturais da própria comunidade e, também, com convidados ilustres. Em cada palco existe toda a infra-estrutura necessária: banheiros, camarim, iluminação, som, decoração, policiamento, limpeza e fiscalização. Tudo é pensado para que o folião possa brincar com tranqüilidade e alegria.
Visitei alguns pólos grandes, como o de Santo Amaro, com o espetáculo do Cordel do Fogo Encantado, e o de Nova Descoberta, com show de Mano Shaw (não sei se é assim que se escreve, pois é um grupo francês e na sua apresentação havia muitos turistas estrangeiros, apesar da forte chuva que caía). Também estive em polinhos: o da Rua da Lama, com apresentação de pagode; o da Mustardinha, lindíssimo, com decoração toda com material reclicável, e um artista da comunidade comandando o frevo para famílias inteiras brincarem; o do Bongi, com uma emocionante apresentação de maracatus, onde idosos e crianças se misturavam num rito de religiosidade e beleza.
Nunca fiquei tão atenta à chuva, ao lixo pelas calçadas, ao entupimento de galerias, ao acesso aos principais locais da festa. Quando você trabalha para que tudo dê certo num evento grandioso como esse, você assume a postura de co-responsável. O Carnaval não era apenas uma responsabilidade do Prefeito: agora, também era minha, assim como de todas as pessoas que vi envolvidas no processo; todo mundo, numa só ciranda, no mesmo ritmo, em harmonia, fazendo a festa acontecer.
Meus filhos se esbaldaram nos cinco dias de folia. Voltavam quando o sol já tinha raiado. Chuva? “E vou deixar de brincar por causa da chuva? Nunca.”. Eram o termômetro do clima da festa.
Um Carnaval MultiCultural, com a energia do povo recifense, sempre alegre e hospitaleiro, expressa no fantástico trio elétrico que entrou na Guararapes no Galo da Madrugada, tendo no comando nada mais, nada menos que Lenine, Silvério Pessoa, Spock, Antônio Carlos Nóbrega, entre tantos outros. Só delírio!
Contagem regressiva para o próximo.

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