- Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem.
Terminei casando com o meu amigo, depois de muitas experiências incríveis com o mundo espiritual. Visitamos vários centros e ouvíamos que nosso filho assassinado iria voltar um dia. Tivemos mais dois filhos lindos e mais dois abortos. Um deles foi logo no início da gestação, quando soube do AVC de meu pai. O outro ocorreu anos mais tarde, conseqüência de um feto com problemas genéticos. Também senti muita dor nas duas situações e percebi que havia aprendido a respeitar a vida, não importando a situação em que ela brotasse. O trágico nessas histórias de aborto é que desde pequena não consigo matar nem formigas; sempre pensei que são seres vivos, com uma organização própria e que se as destruísse seria como ETs chegando à Terra e destruindo a população de humanos. Mas, a vida nos ensina que não sabemos do que somos capazes, inclusive na brutalidade dos atos.
Resolvi que a minha prioridade seria a minha família, o meu casamento, os meus filhos. Fiquei trabalhando só um expediente, mesmo que ganhasse menos, e estava sempre disponível para meu marido. Às vezes, coincidia ter cursos de aperfeiçoamento no mesmo dia que ele teria um encontro do Rotary. Qual era a minha opção? O programa dele. Acho que agi assim pelo medo de destruir novamente um casamento. Com o tempo fui esquecendo minha Alma pelos cantos, minha energia foi minguando e percebi que dormia com um inimigo. É amor o sentimento que une duas pessoas quando uma delas não quer o crescimento da outra, ou apenas admite a realização de seus desejos até o ponto em que não haja nenhuma insurreição? A princípio pensei que o inimigo com quem dormia fosse o meu marido, mas descobri, com a ajuda da terapia, que não era ele e, sim, eu mesma, minha maior inimiga, pois o que eu fazia com o que ele fazia comigo era responsabilidade única e exclusiva minha. Foi difícil sair do lugar de vítima e me perceber como minha maior algoz.
O que fazer com essa descoberta? Como me tornar autora de minha própria história?
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