22.7.09


- Alô!
- Alô! Quem fala? É que ligaram para mim...
- Ah! Oi, E. É P.
(silêncio)
- Qual P.?
(silêncio)
- P., mãe de sua filha G., sua ex-mulher.
- Ah! Diz...
- Sua empresa tem serviços a oferecer para...?
E por aí foi o rumo da conversa.

Desligaram e ela ficou pensando em como a vida é engraçada.
Já foram casados, conheceram cada centímetro do corpo um do outro, a textura da pele, a maciez do cabelo, o timbre do sorriso. Agora, anos depois, nem a voz, nem o nome pronunciado conectavam com qualquer significante. E os significados?
Isso é mágico. Novas possibilidades surgiram, outras formas de se ser feliz.
Todo aquele amor ficou tão distante, num passado que parece que não existiu.
“Se você vier, pro que der e vier comigo...”
“Você é isso, uma beleza imensa...”
“Hoje eu quero a rosa mais linda que houver...”
O que deveria ser dito no presente?
“E eu te conheço?”

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