18.9.09



Fotos: Roberto Arrais
Como Psi tenho a oportunidade de conhecer de perto as Almas de muitas pessoas e me encanto com a diversidade das possibilidades de sermos diferentes e felizes. Cada uma e cada um desses meus clientes, com histórias de vida tão variadas, têm em comum um traço: todas e todos só querem a felicidade, que se apresenta sob várias faces, de acordo com os temas que vivenciam.
Porém, há algo em comum, escondido lá no coração deles, que é a busca por um sentido em suas vidas. Homens de sucesso, mulheres realizadas e uma vida aparentemente perfeita, e lá no fundo, o vazio. Todos, em algum momento do trabalho terapêutico, começam a se perguntar: quem sou eu de verdade? de onde vim? para onde vou? o que vim fazer aqui na Terra nesse curto espaço de tempo entre meu nascer e meu morrer? qual o significado de minha vida?
Estas são grandes questões que se traduzem em indagações sobre o cotidiano. Preciso, realmente, dessa carro importado e caro? Ele vale o sacrifício de inúmeras horas de trabalho, jogando-me para longe de minha família? Preciso obter essa enorme quantidade de informações e acumular tantos títulos acadêmicos, se já descobri que não posso experienciar o Sagrado com a ferramenta da razão? Preciso, para ser amada, permanecer sempre jovem, sacrificando minha rotina na busca por um ideal de beleza que não me deixa livre nas minhas atividades diárias? E por aí vão as inúmereas reflexões.
Uma cena que tem me deixado triste nas caminhadas pela minha praça é a que vejo crianças lindas, aprendendo a olhar o mundo, a andar, a correr atrás dos pombos, a dar comida aos peixinhos, sempre e unicamente acompanhadas por suas babás. Onde estão seus pais? Onde estão suas mães? Será que não percebem que estão perdendo momentos preciosos ao lado de seus filhos e que estes momentos não voltarão jamais?
- Ah! Mas eu trabalho para dar o melhor para meus filhos. Quero que tenham uma educação esmerada, que tenham brinquedos e roupas sofisticados – justificarão.
Lembro-me, então, das crianças que atendo no consultório, filhos de muitos desses, talvez, que chegam cheias de problemas, medos, agressividade, insegurança, dificuldade de aprendizagem, terror noturno, hiperatividade – a peste da infância do século XXI -, transtornos alimentares, todas se queixando da ausência dos pais no seu dia-a-dia. Pergunto-me: vale o preço?

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