25.9.09


Trabalho com a Psicologia Transpessoal e compartilho as idéias de Grof sobre as Matrizes Perinatais Básicas (MPB). Ah! A primeira vez que ouvi este termo foi numa aula, em que cheguei atrasada, e pensei que se tratava de alguma coisa relacionada à música popular brasileira; só depois a ficha caiu. Bem, mas voltando às MPB de Grof, confirmo, no consultório que sua teoria se aplica na vida das pessoas. Grof diz que a MPB I corresponde à epoca em que estamos no útero, antes dos períodos das contrações; a MPB II se refere à fase em que vivenciamos as contrações e somos impelidos a buscar uma saída; a MPB III, é a passagem pelo canal vaginal; a MPB IV é a chegada ao mundo. Então, de acordo com esta teoria, os partos deveriam possibilitar a experiência das quatro fases para o bebê. Infelizmente, em nossa cultura, as mulheres estão agendando seus partos antes de sentir dor e isso altera o processo de desenvolvimento psíquico de seus filhos. Os atendimentos clínicos apenas referendam estas hipóteses.
Nasci num parto cesariana, pois minha mãe teve dilatação, mas não teve atendimento médico, já que o mesmo havia participado de uma festa e bebido um pouco além da conta e precisou de um tempo para se recuperar. Resultado: eu já havia descido pelo canal vaginal, mas não tinha conseguido sair, primeiro parto de minha mãe, e fiquei meio que entalada. Ele fez a cirurgia e, como eu já estava muito embaixo, tive que ser puxada de fórceps para o corte do útero. Minha cabeça era enorme e tinha uma baixa que caracterizava este instrumento em meu corpo.
Então, ontem, na terapia, comentei que estava num momento de minha vida em que me sentia com as mãos atadas, sem poder fazer nada para resolver os problemas que enfrento, pois as soluções não dependem de mim. Já fiz muita besteira na vida e sempre as assumi. Hoje, porém, vivo uma situação inusitada, pois tudo que preciso para resolver minha vida está empacado por conta de posições de outras pessoas. Fiz o comentário:
- Até parece que estou revivendo o momento do meu parto, em que fiz a minha parte, fui para o canal, mas não pude sair porque não havia abertura, e tive que ser tirada à força, de fórceps.
Minha terapeuta, que é excelente, me pediu para trabalhar melhor isso. Lá na sessão eu já estava com um certo mal estar, sentindo-me enjoada, a cabeça pesada. Durante o resto do dia estes sintomas foram se acentuando e cheguei à noite com uma imensa dor na cabeça, pressão por todos os lados, uma enorme vontade de vomitar, o corpo todo dolorido, principalmente um pé e um lado da perna. Deitei-me na cama, no escuro, e me senti no útero novamente. Com certeza, entrei num estado alterado de consciência e revivi o processo do meu nascimento nessa vida. Foi uma coisa muito estranha, porque ao mesmo tempo que me sentia no parto, me via em pé, na sala de cirurgia, esperando pelo bebê cansado. Recebi o bebê, eu mesma, com carinho e respeito pela coragem que tivera para enfrentar aquela situação difícil. Adormeci, exausta, e hoje acordei me sentindo maravilhosamente bem.
O que aconteceu ali eu não sei explicar direito, de acordo com o que aprendi na faculdade, mas confirmo o que Grof pensa, confirmo o que tradições espirituais ensinam. Ao reviver meu trauma do nascimento, alguma transformação energética ocorreu. Tomara que as coisas que estavam empacadas nesta fase de minha vida, agora possam fluir com tranquilidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito impressionante seu relato e mais ainda a sua consciência e investimento em si. parabéns...gostei bastante. Força na vida.