13.1.10


Fotos: Roberto Arrais


Hoje cedo fui andar na praia e me surpreendi: não havia mar. Em seu lugar, estendia-se, à minha frente, um imenso lago de águas calmas, quase paradas. O céu estava cinza e não existia um só movimento do vento. As palhas dos coqueiros estavam quietas, aguardando o carinho da brisa do mar para começarem sua dança. Acontecia o famoso terral. Só havia pescadores, com suas redes, com seus barcos e suas varas, varas estas que usam como remos e, também, jogam-nas com força na água para assustar os peixes e, assim, facilitar a pesca.
Entrei devagar para sentir toda aquela imensidão de água envolver meu corpo. Estava gelada e me cortava como uma navalha. Resolvi mergulhar e me entregar ao abraço gostoso daquele pedaço de oceano que tanto amo. Fiquei quietinha e água estava tão limpa que dava para ver os pés. Só silêncio. Virei-me para ver a orla. Ninguém. Voltei novamente meu olhar para o mar e pensei que desejava contemplar o Sagrado. Neste momento, um peixe grande pulou quase um metro acima da água, deu uma cambalhota e mergulhou novamente naquele espelho que já começava a refletir, timidamente, a luz do sol. Dei uma imensa gargalhada e me emocionei em seguida, ao perceber que, naquele instante, Ele havia falado comigo e eu tinha tido a felicidade de conseguir escutar. Tenho quase certeza de ter visto o peixe, na hora do salto, sorrindo para mim também. Senti a Paz.

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