3.12.10

Tenho um carinho especial pelo dia 03/12... Há 33 anos iniciei minha história de amor com meu Príncipe e pude confirmar, a cada dia, que os homens prestam. Nossa história não teve o final dos contos de fadas, mas posso dizer que a parte do ‘e foram felizes para sempre’, no que se refere a minha vida, é verdadeira.


Mais uma vez, uma reviravolta. Em menos de quinze dias, experienciei quatro mudanças: encerrei minhas atividades em consultório e entreguei a sala que trabalhava; desocupei nossa casa da praia, meu paraíso particular, para ser alugada por alguns meses; saí do apartamento em que morava há quase vinte e três anos; tenho um novo endereço numa casa rodeada de árvores e de pavões.

Não sei como sobrevivi fisicamente à exaustão de carregar caixas, dirigir, limpar, arrumar. O desgaste dos meus neurônios lógicos também foi imenso, pois tive que coordenar todos os detalhes das quatro operações de mudança. Meu coração teve altos e baixos, oscilando entre uma alegria imensa, quase infantil, e uma tristeza que caracterizava meu processo de morte.

Agora, sem meu pai e minha mãe, com os filhos já crescidos e uma vida amorosa que me acolhe, permito-me focar em minhas prioridades, nos anseios de minha alma. E quando isso ocorre, assusto-me com a grandeza da descoberta que tenho realizado: é verdade que o Sagrado se manifesta em nossas vidas, é a mais pura verdade o fato de que Deus fala com a gente, mas fala assim, diretamente, e que basta que tenhamos ouvidos para escutar sua mensagem para saber o que viemos fazer aqui nessa vida.

Jung dizia que nosso maior inimigo é a nossa real possibilidade de realização, pois temos muito medo de descobrirmos aonde ela poderá nos levar. Talvez seja por isso que estou assustada, pois experienciei a Energia em minha vida e compreendi o ditado popular ‘a gente não sabe o que diz e Deus sabe o que faz’.

Desde pequena adoro livros, adoro ler, adoro escrever. Tenho minha máquina de datilografia como um dos meus tesouros. Mas isso não foi suficiente para que compreendesse que essa paixão seria o meu destino. Enveredei por outros caminhos, pois não li os sinais que a Vida me enviava, e segui um percurso mais longo e doloroso para voltar para a casa que é a minha alma.

Também lembro que passava de barco por uma praia linda, cheia de coqueiros, e pensava ‘um dia vou ter uma casa aqui’. Tive, não pude usufruir do meu ninho. Depois, visitando uma casa que já tinha dono, pensei ‘essa casa vai ser sua’. Hoje tenho outro ninho na mesma praia.

Li um livro de uma escritora que discutia o tema do feminino e descobri que ela morava um tempo nas montanhas e outro na praia. Pensei: ‘vou viver assim, ora na praia, ora no campo, escrevendo e experienciando as energias yang e yin’. Aconteceu.

No início deste ano, pensei ‘minha vida vai mudar e também vou mudar de casa antes de primeiro de dezembro’. Meu pai ainda era vivo, procurei casas para alugar, achei uma linda e na hora que entrei nela, pensei ‘vai ser aqui meu novo lar’. Achei estranho porque isso se tornou impossível de imediato, mas deixei a coisa adormecida, guardando as fotos no ‘lar, doce lar’, deixando geladeira e fogão prontos para a cozinha de festas da casa nova. Aconteceu que um dia, sentada na rede da casa de praia, pensei ‘manda mensagem para o dono e pergunta se os planos mudaram’. Mudaram, sim, e nos mudamos para o lar sonhado.

Tenho escrito ‘pensei’ porque não sei que palavra usar para essas experiências que ocorreram em minha mente. Algumas vezes apareceram frases arrumadas, quase como se as tivesse ouvindo dentro de minha cabeça; outras, surgiram imagens, semelhantes a fotografias, que me mostravam um futuro a ser vivido. A explicação exata para esse fenômeno eu não tenho. Intuição? Conexão com o Sagrado?

O que fiz? Confiei nessa mensagens, entreguei-me e deixei que o Universo fizesse o que tinha que ser feito. Gosto quando Fernado Pessoa diz que ‘Deus quer, o homem sonha, a obra nasce’. Também compartilho a ideia de Sandra Celano quando afirma que ‘viver é pulsar, é ser canal para que a Energia Cósmica faça, através de nós, o Seu trabalho no mundo’.

Uma vez, no auge da minha dor pela perda de meu pai, vendo o sol ir dormir e tudo ficar escuro, olhei para o mar e perguntei, num misto de medo e esperança:

- Deus, você ainda está aí?

Hoje sei que estava e que falava comigo. Ouvi sua voz e começo a viver a rotina que sonhei – ou será que combinei? – desde sempre. Não me tornei a cientista da NASA, como dizia uma amiga de escola devido aos constantes dez que eu tirava, mas começo o dia meditando na varanda, com o sol aquecendo meu corpo, ouço o canto dos pavões, sinto o cheiro maravilhoso da terra orvalhada, misturado com o perfume das flores e dos frutos, faço suco de laranja e leite para meu marido e meus filhos, coloco água no jardim, converso com as plantas e com os animais, sinto a presença de duendes no jardim, apesar de ainda não conseguir vê-los, bordo uma toalha de chita, leio, escrevo, curto meus filhos, contemplo a lua e as estrelas tomando vinho e dançando com meu marido.

Nada de grandes feitos, apenas a simplicidade de um cotidiano repleto de amor.

Doida? Feliz!




Um comentário:

Louise Anne Vieira de Menezes disse...

Continuo aqui, seguindo você.Estou feliz com a sua nova vida. Deve bom quando se conquista as coisas que sonhamos.
Continue conquistando, continue vivendo, continue sendo feliz.
Torço por você.
Louise Anne