20.2.11











Fotos: Roberto Arrais


Ainda sob o impacto do filme Conversando com Deus. Belo. Um soco no estômago, quando escancara meus medos. Um brinde, quando me aponta as escolhas acertadas que já fiz nos caminhos que trilhei. A história do filme é a de todos nós, a de nossa teimosia em não escutarmos Deus conversando conosco, mostrando-nos o Amor como única forma de ‘gastar’ a vida vivendo e, não, morrendo.
Há tempos que venho tentando viver cada dia a partir do que sente meu coração. Vivo fazendo o que gosto, gasto meus segundos naquilo que vale a pena para mim, ou, como diria Lenine, cercada só do que me interessa. E também faz tempo que escuto a voz Dele, conversando comigo de todas as formas possíveis, até inimagináveis para mim quando ainda passava meus dias como autômato.
Como o autor, no filme, muitas vezes escrevo coisas, tenho ideias, que não sei identificar direito se vieram de minha própria mente ou se Alguém as plantou ali. Surgem apenas. A cada passo na entrega, mais conexão com o Sagrado, como gosto de nomear Esta Energia que a tudo envolve. Agorinha mesmo escuto o canto do galo e o som do pavão, este passeando pelo jardim da casa onde moro.
Logo cedo, depois do café delicioso, olhei o jardim da varanda e vi, encantada, que nele passeavam dois ‘tô fraco’- um branco e um preto com bolinhas brancas -, uma pavoa e seu filhote e uma linda siriema. Chovia fininho. Neste instante, olhei para aquela cena e senti a presença de Deus ali, no jardim, e sua bênção aqui, no meu coração.
Chamei depois todos, marido, filha, filho, filho, para assistir ao filme, com pipoca e refrigerante. Estava frio e nos enroscamos no sofá e nas poltronas, com almofadas e mantas. Senti uma emoção muito forte numa certa cena e quando olhei para meus companheiros de cinema, descobri-me em oração de gratidão, pois percebi meu marido deixando escorrer lágrimas de seus olhos e meus filhos completamente sintonizados com o Divino. Apertei os olhos, tornei a abri-los e rezei pedindo para nunca esquecer este momento mágico.
Não ensinei a meus filhos uma religião específica, mas sempre conversei com eles sobre o Sagrado, o Divino, o Deus ou a Deusa, a Energia Cósmica que a tudo envolve. Através do meu exemplo de fé na Vida, tento desabrochar a fé no coração de cada uma destas almas lindas que me dão o privilégio de seu convívio.
Para mim, Deus é absolutamente tudo e todas as coisas estão interligadas.
Ontem pude ver o crime brutal cometido contra centenas de jandaias, papagaios, tucanos, sendo traficados num comércio violento e ilegal, ainda sem penas e de olhos fechados. Um verdadeiro mutirão para salvar-lhes as vidas, num processo de alimentação com seringas e cuidados especiais. Arrancados de seu habitat natural, presos em caixas e gaiolas. Chorei e, ao olhar para dois tucanos numa gaiola minúscula, sem mais a liberdade de voar, deixei que minhas lágrimas fossem meu pedido de perdão, enquanto raça humana, a toda forma de vida que agredimos na nossa passagem pelo planeta Terra, nossa Grande Mãe.
É assim, nas coisa simples do cotidiano que vou conversando com o Deus que acredito que exista, agradecendo, perguntando o que Ele quer dizer com as coisas que me acontecem e que ainda não compreendo. Mais uma vez:
- Em Tuas mãos, entrego meu espírito.

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