23.9.11

Quando li pela primeira vez a carta do cacique de Seattle, identifiquei-me na hora. Estava dito ali algo que ecoava em minha alma. O Universo todo está conectado, tudo está interligado. Gostei de me descobrir pensando que, de alguma forma, a mesma substância que me envolvia também passeava junto das estrelas.


Desde que comecei a habitar casas, não mais apartamentos, pude vivenciar esta conexão de uma forma mais concreta. Percebo quando chove, quando faz sol, quando venta muito, quando dá terral. Diferencio os cantos dos pássaros, sei quando águias estão por perto, quando a coruja já está na árvore em frente da nossa casa. Observo que os cajueiros já gestam, tudo florido, os frutos que surgirão.

Acordo cedo e vejo Recife acordar. Medito, desço para começar meu dia e vou organizar o café da manhã. Ontem tive uma linda surpresa. Encontrei, em nossa sala, um lindo passarinho. Voou por todo canto, pousou em tudo que era lugar. Olhou-se no espelho, fez cocô na jarra antiga – que foi de minha mãe e é um objeto sagrado aqui em casa. Ouvi o miado do gato que anda querendo vir morar por aqui. Percebi que o timbu havia visitado nossa cozinha. Hércules, nosso cachorro, seguia meus passos. Quando fui para a pia, a rã que habita aquele espaço saltou assustada. As lagartixas também começaram a passear e as aranhas foram saindo de fininho.

Os meninos foram para a vida de estudante e fui colocar água no jardim. Borboletas, ziguezigues, formigas, sagüis, pavão, tô-fracos, siriema e, novamente, os pássaros, estavam comigo usufruindo do verde, das cores, dos cheiros, do calor do sol, da brisa suave, enfim, de todas as delícias que a natureza proporciona e que eu, no meu mundinho antigo, não conseguia perceber.

Sejam bem-vindos!

Fotos: Roberto Arrais








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