22.4.11

Encontrando o xamanismo siberiano - parte 1

1. Primeiro contato

Quarta-Feira: Ligo para Eunice, grande amiga de Goiás, convidando-a para o nosso curso de Terapia Regressiva Integral, com Roger Woolger. Ela atende ao telefone um pouco atordoada e diz que acabou de chegar da Sibéria, onde se encontrou com alguns xamãs e ficou impressionada com a força do trabalho deles. Disse que passaria meu número para o pessoal de Brasília que iria trazer um dos xamãs para o Brasil.
Quinta-Feira: Estou no clubinho de mergulho e meu celular toca. É alguém de Brasília me convidando para o encontro com um xamã siberiano. Começa a me falar da força da energia do xamanismo e me pergunta se estou preparada. Respondo que o nordeste brasileiro é muito quente e que o xamã ‘pode vir quente que eu estou fervendo’ e que irei para Brasília. Não sei explicar o porquê, mas sinto uma enorme alegria. Desligo o telefone e aviso para meu marido que irei ao encontro de um xamã siberiano.
Sexta-Feira: Ligo para uma amiga psicóloga e a convoco para a viagem. Ela não fica muito entusiasmada, mas me pede mais informações. Ninguém sabe nada direito. Não temos dinheiro para as passagens, para as consultas com o xamã e para a hospedagem. Outra amiga poderia nos receber lá. Insisto na aventura da viagem e minha amiga topa ser minha companheira nesse caminhar.
Domingo: Minha amiga me liga dizendo que já está com as passagens dela na mão (foi levar o marido no aeroporto e ele lhe deu as milhas), vendeu uma granja que há muito tempo estava à venda e está com o dinheiro para as despesas da viagem. Milagre? Força xamânica?
Segunda-feira: Recebo um e-mail que quase me faz desmaiar, trazendo-me notícias de alguém muito importante no meu passado de mais de 20 anos atrás. E o xamanismo com isso?
Compro minhas passagens, consigo o dinheiro das despesas e combino a hospedagem com minha amiga. Todos me perguntam o que é um xamã. Não sei responder, mas me entrego à intuição. Cuidado com os chás, dizem alguns. Não tenho medo. Sei que isso é apenas o início de uma grande jornada de descobertas, experiências e conhecimento.

2. Viajando para Brasília

Vamos para Brasília, eu e Lígia. Simone nos recebe e nos leva para passear. Temos consulta marcada com o xamã na hora do almoço.
Chegamos no horário combinado e esperamos, esperamos, esperamos, por quase três horas. Finalmente chega o meu horário. Entro e dou de cara com um xamã grande, com olhos azuis enormes e com um olhar profundo. Ele está vestido com roupas rústicas e toca um tambor. Pede-me para fechar os olhos. Talvez eu tenha entrado numa espécie de transe. Começa a falar, em russo, sendo traduzido para o português por uma intérprete brasileira. Não gravo nada do que fala. De repente, ele diz que irei mudar de dimensão. Fico chocada, pois havia tido essa mesma mensagem alguns meses antes e não a tinha levado muito a sério (pelo menos conscientemente). Ele me pergunta se tenho algum questionamento; respondo que não; ele começa a se inclinar e a dizer ‘Namastê!’. Fico sentada olhando para ele, sem entender o que está acontecendo. A tradutora me diz que devo sair. Surpreendo-me porque eu não havia passado nem 15 minutos com o xamã. Viajei de Recife para Brasília, paguei mais de cem reais pela consulta e não aproveitei nada. Que idiota!!!!!
Aviso para Lígia que ela deve fazer perguntas. Ela fica quase uma hora com o xamã. Vamos para a casa de Simone e devemos voltar à noite para irmos para o local do Seminário. Marcamos na MacDonalds. Ninguém aparece. De repente, chegam duas jovens que tentam nos orientar, mas também não são da cidade. Uma delas vai conosco no carro e nos diz que o apartamento que vamos é num daqueles prédios ‘ali’ (em Brasília os edifícios apresentam um projeto arquitetônico semelhante) e que na porta tem um espelhinho. Nessa hora, ‘surto’. Começo a ter uma crise de risos. Minha amiga Simone anota o endereço, a placa dos carros, pois tem medo de estarmos sendo levadas, eu e Lígia, algum tipo de ritual macabro.
Seguimos para um sítio a 40 km de Brasília. Sinto muito frio. Camas simples; durmo como pedra.
Práticas matinais, meditação, alimentação sadia, caminhada à noite pela mata (como sou baixinha o mato quase me cobre), ritual com tambores à tardinha. Tudo muito mágico, alegre e simples.
Compramos cd, camisa, livro. Lígia compra um amuleto (o seu primeiro).
Voltamos para casa mais energizadas. O que aconteceu?

3. Sirena e Soledad em Recife

Tentamos várias vezes trazer o xamã para Recife, mas nada dava certo. Nas férias de Janeiro/2004, eu estava numa praia longe da cidade, Lígia estava em São Paulo e Ana – outra amiga que topou organizar a vinda dos xamãs para Recife – estava nos Lençóis Maranhenses, uma xamã chilena (Soledad) nos liga, avisando que estaria na cidade com outra xamã russa (Sirena). Justificamos nossa ausência nos encontros e nos despedimos. Não sei explicar como tudo aconteceu, mas no dia da primeira palestra delas aqui estávamos eu, Lígia e Ana na primeira fila do auditório.
Depois dessa palestra tivemos vários encontros com as duas e combinamos a vinda do xamã Mukhomor a Recife. Investimos financeiramente em alguns cupons para futuras consultas e seminários com o xamã.
Tivemos o carnaval e na quarta-feira de cinzas, quando estava indo de carro com meu marido para um almoço na casa de meus sogros, recebi o telefonema de Soledad me informando que eu, Lígia e Ana estávamos sendo convidadas para irmos para a Sibéria, para um encontro internacional, onde haveria a presença de vários xamãs e do mestre Bogamudr Altay Khan. Respondi no mesmo instante que iria. Desliguei o telefone e meu marido me perguntou “Para onde você vai?”; respondi-lhe “Para a Sibéria.”. Ele arregalou os olhos e a partir daí tudo foi muito mágico e as coisas começaram a fluir.
Fiz um empréstimo no banco para poder financiar a viagem. No dia seguinte recebi um telefonema de um corretor de imóveis avisando-me que tinha uma proposta de compra à vista para um terreno que eu tinha colocado à venda há mais de 12 anos. Quase não acreditei!!!!! Vendi o terreno, quitei o empréstimo e pude viajar tranqüila. Milagre?!!




Um comentário:

Gabriel Mentges disse...

Recebemos o xamã Mukhomor em Natal RN em 2000. Foi incrível.
Até hoje o procuro e não acho. Você tem contato?

Meu email é gabrielnutricionista@hotmail.com.
Obrigado