13.11.06

Aiolá




Aiolá ouviu um barulho de água corrente e imaginou que ali perto existiria um rio. Saiu à sua procura e logo o achou. Parou encantada com a beleza do lugar: havia pássaros, flores, uma grama bem verde que se estendia até onde sua vista alcançava.
Tomou um susto quando percebeu, ao seu lado, um lobo branco com olhos penetrantes. O lobo puxou sua roupa com suavidade e Aiolá entendeu que estava tentando conduzi-la para algum ligar. Resolveu segui-lo.
O lobo, à sua frente, começou a caminhar em direção a uma estreita abertura que existia entre as árvores e que Aiolá não havia percebido antes. Para passar, teve que engatinhar já que o caminho ficava cada vez mais apertado. Estava ficando escuro e o coração de Aiolá começou a bater mais rápido.
De repente, o lobo parou diante da entrada de uma caverna e olhando bem dentro dos olhos de Aiolá, disse-lhe:
- Daqui para frente, você seguirá sozinha. – e saiu correndo por entre as árvores, sumindo num piscar de olhos.
Aiolá foi entrando com cuidado na caverna. Percebeu que era uma caverna muito grande. Havia pedras pendendo do teto e outras enormes saíam do chão. A luz entrava apenas pelas frestas e fazia um jogo de sombras que, algumas vezes, pareciam assustadoras.
Foi caminhando bem devagar, sentindo seu coração quase sair pela boca. Ouviu barulho de água caindo e pensou se não haveria uma cachoeira por ali. Procurou seguir o som e percebeu que a temperatura na caverna estava baixando, pois começou a sentir frio.
Aiolá parou extasiada diante de uma imensa cachoeira de águas cristalinas que caíam formando um lago tão tranqüilo que até parecia um espelho. Por um instante, sua respiração parou. Debruçou-se sobre o lago e ficou feliz por reconhecer-se na imagem refletida pelo espelho d’água do lago. Lá no topo da caverna havia uma pequena fresta, por onde a luz do sol conseguia entrar e os raios do sol deixavam o lago todo azul.
Aiolá ficou sentada, apreciando todo aquele espetáculo, por um longo tempo. Começou, então, a jogar pedrinhas para o centro do lago e notou que círculos iam se formando em sua superfície, como ondas. Fixou sua atenção neste movimento e, para usa surpresa, viu um campo verdejante no fundo do lago. Ficou tão intrigada com a imagem que resolveu mergulhar e descobrir o que havia lá embaixo. Quanto mais para o fundo ia, mais nítida a imagem ficava. Percebeu uma abertura no local em que a cachoeira se encontrava com o lago lá no fundo. Não resistiu e passou por ela, não sem antes fechar os olhos e pensar que tudo isto era uma loucura.
Quando abriu os olhos novamente, Aiolá pensou que havia morrido e que estava no Paraíso, pois o que viu era tão belo que ela só conseguia se lembrar das descrições de Céu que ouvia desde pequena. O vento soprava uma brisa suave com um doce perfume de flores. Havia flores coloridas, árvores frondosas espalhadas por um campo verde. O sol brilhava num céu muito azul com nuvens de algodão branco formando figuras de animais. Coelhos, corujas, pássaros – que enchiam o ar com o seu canto -, tatus, preguiças, formigas, águias, gatos, cachorros, peixes, aranhas, micos-leão-dourado – e todas as espécies de animais em extinção -, cavalos, bois, lobos, ursos, búfalos, leões, zebras, emas, cobras, galinhas, lagartas, abelhas, borboletas. Ah! Eram tantos e tantos.
Aiolá ficou ali, parada à beira do rio que cortava toda aquela paisagem. Sentiu fome e comeu uns morangos que estavam ao seu lado. Sentiu sede e se debruçou sobre o rio para beber um pouco d’água. Quando estava quase colocando a água na boca, surgiu ao seu lado um lindo cavalo marrom, com uma mancha branca entre os olhos, que lhe disse:
- Se a água estiver suja, não a beba.
Seguindo o conselho do cavalo, Aiolá olhou novamente para a água que estava em suas mãos, percebeu que estava bem limpa e a tomou de um gole só.
O cavalo, então, convidou-a para subir em suas costas. Aiolá aceitou o convite para a aventura e juntos saíram passeando por aquele lugar mágico. Divertiram-se muito e ela adorou sentir o vento batendo no seu rosto enquanto galopava com seu novo amigo.
Pararam em frente a uma casa de pedras brancas. Aiolá ouviu, pela primeira vez, vozes de outras pessoas. De dentro da casa saiu uma velha senhora vestindo uma longa túnica branca, com uma fita dourada na cintura; seus cabelos eram negros e estavam arrumados numa trança que pendia para um lado só. Ela sorriu para Aiolá e falou:
- São poucas as pessoas que conseguem chegar até aqui. Elas precisam confiar no que diz o coração e se entregar à aventura. Você conseguiu. Seja bem-vinda.
Aiolá olhou bem nos olhos daquela senhora e os achou ligeiramente familiares.
- Sim, nós já nos conhecemos há muito tempo. Foi o amor que nos conecta que nos uniu outra vez. – disse-lhe a velha mulher.
Aiolá não entendia muita coisa, mas estava muito emocionada, sentindo uma paz imensa em seu coração. Lágrimas caíam dos seus olhos.
A doce mulher continuou:
- Você não pode ficar aqui conosco porque sua casa é em outro lugar. Mas você já sabe o caminho e poderá voltar sempre que quiser.
Então, ela pegou uma corrente com um pingente em forma de coração que carregava em seu pescoço e a colocou no pescoço de Aiolá, dizendo:
- Leve-a com você. No pingente há um cacho dos meus cabelos e um cacho da crina do seu cavalo. Dessa forma, estaremos ao seu lado lá na sua morada e você poderá contar com a nossa ajuda sempre que precisar.
Ainda zonza com tudo que estava acontecendo, Aiolá perguntou:
- Como saberei o caminho que me trará até vocês?
- É fácil, respondeu a mulher. Pergunte-se: esse caminho tem a energia de amor do meu coração? Você saberá, então, o caminho a seguir. Agora vá.
A bondosa senhora beijou-a na testa e a ajudou a subir no cavalo. Seu amigo começou a galopar e Aiolá virou-se para dar adeus. Logo estavam na beira do rio.
- Obrigada, disse Aiolá, passando carinhosamente a mão na mancha branca do seu amigo cavalo.
- Agora vá, respondeu o cavalo.
Aiolá mergulhou no rio, passou pela abertura da cachoeira e saiu no lago da caverna. O sol ainda deixava a água azul com seus raios dourados. Saiu caminhando devagar, segurando o pingente no pescoço. Na saída da caverna encontrou o lobo branco. Mais uma vez ele olhou bem dentro de seus olhos e ela percebeu um leve sorriso em sua boca. O lobo a conduziu de volta pelo caminho apertado até a beira do rio.
Aiolá sentou-se e, ao olhar para o lado, percebeu que o lobo não estava mais ali. De novo, Aiolá estava apenas ouvindo a música do rio.

Como Aiolá, você poderá encontrar um animal que estará sempre ao seu lado, ajudando-o quando precisar. Quer tentar?
Sente-se ou deite-se numa posição confortável. Foque sua atenção em sua respiração, sentindo o ar entrando e saindo, entrando e saindo. Imagine agora que você está andando por um bosque e encontra uma passagem para algum lugar dentro da terra. Esta passagem pode ser do jeito que você imaginar: um buraco numa árvore, uma fechadura, um portal, uma caverna. Escolha a sua passagem e se imagine entrando nela e chegando a algum lugar, só seu. Perceba a paisagem, observe as suas sensações, veja como está se sentindo... Agora procure ver se você consegue enxergar algum animal. O animal que vai ser seu amigo deverá aparecer para você três vezes. Se você tiver dúvidas que este é o animal seu amigo, pergunte-lhe diretamente. Só pare quando encontrar o animal que será seu amigo. Ao encontrá-lo, imagine-se brincando com ele, fazendo coisas que lhe dêem prazer. Sinta-se feliz... Agora é hora de voltar. Peça ao seu novo amigo um conselho, um objeto que você traga para o seu mundo e que ligue você a ele. Qualquer coisa pode ser o objeto que simbolize a união de vocês dois. Receba este objeto e agradeça o presente a seu amigo. Dê adeus a seu amigo e comece o caminho de volta para casa, trazendo com você toda a paz e a alegria que vocês vivenciaram aí. Fixe novamente sua atenção em sua respiração, sentindo o ar entrando, saindo, entrando saindo... Quando sentir-se pronto, abra lentamente os olhos, levante-se e faça um desenho do animal seu amigo.

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