12.11.06

Terrinha santa


Eu me lembro das festas de São Sebastião em Lagoa dos Gatos. Carro cheio, tudo resolvido em cima da hora. Jabuticabas em troncos todos cobertos de pontinhos pretos. Comia tudo, até os caroços. Muitas, muitas mangas. Jacas. Família reunida. Brincadeiras. Candeeiro. Banho frio. Meia parede.
Do terraço dava para ver a enorme lagoa com sua pedra no meio. Ah! Por falar em pedra, havia pedras por toda parte. Os cururus faziam a festa e sempre estavam à nossa frente quando íamos andando para a festa na cidade, ou, como dizíamos, na rua.
Tudo iluminado. Roda gigante. Jogos de azar. Música. Todo mundo arrumado. Alegria. A cada momento chegava um parente novo, alguém que era filho da prima que era tia de não sei quem.
No outro dia, pela manhã, cheiro de mato, montanhas verdinhas, banho no choque ou no açude, junto com os cavalos. Às vezes, banho na bica de tia Maria. As crianças brincavam de casinha, fazendo almoço de mato nas panelinhas de barro.
Muita cerveja, muito violão, muita cantoria. Assobios na boca da garrafa de cerveja, sendo ritmados pelo tocar de garfos ou facas.
Muita emoção, sempre.
Na volta, a música que nos marca até hoje:

“Eu vou partir
Não aceito desacato
Adeus terrinha santa
Minha Lagoa dos Gatos”

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