12.11.06

Professor babaca



Você já teve um professor daqueles bem chatos, que se acha o tal só por que sabe um pouco mais que você alguma coisa? Pois é, eu já tive um assim. Ele era insuportável. Andava pelos corredores da escola sem falar com os alunos. O peito era todo inchado. Careca, de cabelos brancos e aquele olhar de metido a besta. Era professor de matemática. Acho que escolheu matemática porque não sabia fazer uma coisa mais divertida. Dei graças a Deus quando saí da escola e fiquei livre dele.
Mas essa vida é muito engraçada mesmo. Desde pequena que eu vou sempre para uma praia passar o verão. A praia é linda. Tem conchinhas, o mar é bem calmo e os peixinhos ficam nadando junto da gente. Conheço cada pedacinho daquela praia e todas as suas manhas. É o meu paraíso aqui na Terra. Sabia que até um paraíso pode se transformar num inferno? Estava eu toda feliz, tomando banho de mar, brincando na areia quando chegou um grupo de pessoas. Olhei para elas e senti meu coração parar. Meu corpo ficou duro. Não acreditei no que estava vendo. O meu professor babaca estava lá, parado na minha frente. Fiquei com ódio. Como ele se atrevia a invadir a minha praia? Como ele poderia destruir o meu paraíso de liberdade e alegria? Recuperei-me do susto e fingi que não o havia visto. Uma outra colega minha, que também tinha sido aluna dele, foi falar com ele. O descarado teve a coragem de dizer que não conhecia a gente. Só depois de muita conversa foi que disse que se lembrava vagamente da nossa turma. Continua bobo e nojento, se achando o máximo. Eca.
Continuei a me divertir, pensando que ele não ia conseguir estragar o meu dia. Para ser sincera, dei as costas para ele. O mar foi enchendo e fui pegar onda com minha prancha. Quando estava lá, toda entusiasmada, percebi que meu professor estava em apuros no mar. O danado tinha caído num redemoinho e estava quase se afogando. Por que não usava toda a matemática dele para se salvar? Achei foi pouco. Gostinho de vingança. Mas não consegui deixá-lo lá. Nadei em sua direção, segurei-o pela mão e o ajudei a subir na minha prancha. Não sabia se tinha feito o certo. Se ele tivesse morrido, muitas outras crianças não passariam pelo que passei. Quando chegamos à areia já tinha um monte de gente para ajudá-lo. Voltei para o mar, para o meu paraíso, e fiquei pensando em como algumas pessoas são burras. Elas acham que ser sabido na vida é conhecer algumas fórmulas matemáticas, é decorar algumas coisas que outras pessoas dizem que todo mundo deve saber e ficam lá, arrotando informação. Aquele professor podia até saber muito de fórmulas, equações. Mas não sabia nada de mar. Será que sabia alguma coisa de vida?

Um comentário:

Anônimo disse...

Tia Paty,
Me identifiquei tanto com sua história.... mas não sei se salvaria Roberto Salomão o meu carrasco da faculdade. Não sei se teria essa coragem!!! ATÉ PORQUE ELE É UMA BALEIA GORDA. HAHAHHA. Tu surfa de Bodyboard é?! Que massa!!!! Bjão da sua sobrinha...