13.11.06

Ilusão


Noutro dia, um amigo meu me perguntou como era viver sem ler jornais, revistas, sem ver tv, sem acompanhar novelas, pois ele não via novelas e, às vezes, ficava sem papo nas rodas de conversas das noitadas.
Fiquei pensando nisso e me perguntando se o fato de não saber quem matou quem, quem roubou quem e outras ‘notícias’ que saem na mídia mudariam de forma significativa a minha vida. Aí, tomei um choque, pois experienciei Maya, o mundo das ilusões em que vivemos. Lembrei-me do meu primeiro dia de aula de Psicologia, quando voltei para casa achando o povo de lá todo doido, pois haviam dito que a realidade não existe. Imagine o susto que tomei, pois eu era Bacharel em Ciência da Computação e vivia cercada por zeros e uns, pela precisão dos computadores, pela lógica do se...então...
Hoje, quase vinte anos depois, acho engraçada a minha ingenuidade da época. Claro que a realidade, como fato determinado por si só, não existe!!! O que percebo é apenas a minha forma de entrar em contato com o fenômeno. Acredito que podemos criar a nossa ‘realidade’, acredito que a vida se apresenta como um mundo de possibilidades, de oportunidades de escolhas. Aprendi isso com os chamados místicos e, depois, com a física quântica e com a antropologia. Enfrento as escolhas que tenho que fazer todos os dias e, devo confessar, que às vezes tenho saudades da época em que a ignorância me deixava numa posição mais confortável e passiva perante a minha vida, já que no mundo das escolhas tenho que assumir a total responsabilidade pelos meus atos, pelos caminhos que percorro em minha vida. Compreendo a força dos pensamentos, das palavras e das atitudes.
Diante das encruzilhadas que a vida apresenta, qual o caminho a seguir? Consultemos o oráculo, pois tudo está interligado. A natureza é uma excelente fonte de sabedoria. A meditação possibilita um encontro consigo, a respiração coloca a divindade bem dentro da gente. São tantas as possibilidades de conexão com o sagrado da vida! Fica a pergunta: será que uma pessoa que vive no seio da floresta amazônica, onde só se chega de bote, sem luz, sem tv, sem jornais, tem uma vida mais limitada do que uma que viva em São Paulo, enfrentando os engarrafamentos, a poluição, as variações da bolsa, as filas nos shoppings centers?

Nenhum comentário: